Capitulo 21 - parte 03

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Beatriz sabia exatamente onde deveria ir para conseguir o que Bárbara necessitava, porém um desvio de percurso a deixaria em paz consigo mesma. Então estacionou em frente ao prédio e um arrepio percorreu seu corpo.

- Vamos lá Beatriz, você sabe o que tem que fazer. – falou consigo mesma, respirando fundo.

Enquanto caminhava até a grande porta, pensou algumas vezes em desistir, mas se fizesse isso todos os ensinamentos de seus pais teriam sido em vão. Agora era outra pessoa, não havia mais mágoa, rancor ou revolta com a vida e com o mundo.

- Eu quero falar com o senhor Riviera. - disse um pouco receosa escorando-se sobre o balcão.

- A senhora tem hora marcada? – a mulher indagou a encarando.

- Não, mas tenho algo importante a dizer.

- Sinto muito, o senhor Riviera atende apenas com hora marcada. – explicou a mulher de meia idade.

Beatriz bufou e socou o balcão.

- Se uma criança vier a falecer por maus tratos a culpa será sua, já pensou nisso? – falou agressivamente e a mulher fez pouco caso.

- Crianças morrem diariariamente por esse motivo senhora.

- Eu preciso fazer uma denúncia, é urgente. – Beatriz falou impaciente olhando para o relógio.

- Diga do que se trata e marcamos uma hora.

- SERÁ TARDE DEMAIS SUA IDIOTA! – gritou alterada.

- Que gritaria é essa aqui? – o homem perguntou irritado, saindo de sua sala.

- Senhor já estou cuidando disso, desculpe o transtorno. – desculpou-se a secretária.

- Eu preciso fazer uma denúncia. – Beatriz disse rapidamente, mirando o senhor de cabelos grisalhos.

- Que tipo de denúncia queres fazer? – perguntou interessado.

- Uma amiga está maltratando fisicamente e psicologicamente uma criança. – disse praticamente cuspindo as palavras.

- Vamos até a minha sala. - voltou-se para a secretária - Ligue para Ricardo Fuentes e diga que poderei o receber apenas amanhã.

O senhor Riviera fez um gesto com a mão apontando para sua sala, temerosa Beatriz caminhou esfregando as mãos, que suavam. Percebendo o nervosismo, o homem serviu um copo de água e lhe ofereceu.

- Acalme-se menina. – sorriu a tranquilizando - A que devo sua visita?

- Barbara está louca, completamente fora de si e precisa ser barrada antes que ela mate a Júlia. - disse atropelando as palavras.

Um toque sobre suas mãos que estavam sobre a mesa lhe passaram segurança e ela respirou fundo, tranquilizando-se. Bárbara a mataria a sangue frio se descobrisse, mas teria salvo a vida de uma inocente.

- Quem é Barbara? – ele perguntou calmamente.

- É minha amiga de infância. – sussurrou - Está em busca de vingança devido a um amor não correspondido e desconta toda ira em uma menina de sete anos.

- Poderia me explicar mais detalhadamente isso?

- Ela começou com insultos, deixou a menina na chuva, a fez ficar sem jantar. – falou com dificuldade, puxou o ar - Depois passou a agredí-la com tapas e pontapés, colou-a de castigo. - pausou, comprimiu os lábios - A trancou em um quarto escuro, o qual as meninas conhecem como calabouço. Júlia esta lá há uma semana, come apenas 3 biscoitos de água e sal em cada refeição. – Beatriz encolheu-se na cadeira e uma lágrima escorreu em seu rosto, ela secou rapidamente – E na água que ela recebe na hora do almoço é diluido hidrocona.

- O que esta me contando é muito sério.

- Eu sei da gravidade, e vou arcar com as consequências. – confessou -Precisam salvar a Júlia.

- Teresa! – gritou o senhor Riviera e logo a senhora que recepcionou Beatriz apareceu na porta - Chame a polícia, peça que venham com reforços. Preciso de ambulâncias e médicos também. Diga que é urgente. – ordenou, e encarou Beatriz – Você está presa por colaborar nessa ação delituosa.

Beatriz apenas afirmou com a cabeça e deixou-se cair em prantos. 

O que seus pais pensariam?

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora