Capitulo 22 - parte 05

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Tudo aconteceu muito rápido. Em um momento estava conversando com ela e em questão de segundos não estava mais ali, e só se deu conta quando um dos aparelhos que media os batimentos cardíacos de sua pequena começaram a apitar. Júlia havia sofrido com uma crise de abstinência seguido de convulsão e entrado novamente em coma.

E isso já faziam duas semanas e nenhuma melhora era apresentada.

Alfonso exigia que exames fossem feitos duas vezes ao dia, monitorava tudo vinte e quatro horas. Em nenhum exame o resultado era favorável. Completamente em negação, o moreno discutia com médicos, residentes e enfermeiros, alegando que os exames estariam equivocados. Brigava diariamente com todos e os expulsava do quarto exigindo que usufruissem de toda a tecnologia que possuiambem como que fossem em busca de médicos do exterior para salvar a filha caso fosse necessário. Pouco lhe importava a quantia em dinheiro que gastaria. Apenas queria sua filha saudável outra vez.

Ficava menos de uma hora longe do hospital, apenas para trocar de roupa e comer algo, uma vez ao dia. Anahí tentava de todas as formas obrigá-lo a fazer todas as refeições, mas ele se negava. E as consequências disso já estavam aparentes no aspecto físico do moreno.

Os dias pareciam não ter fim, mais longos do que o normal. Alfonso mantinha a aparência de um morto vivo sentado em uma cadeira ao lado da cama. Diariamente ele ficava lá, segurando a mão de Júlia e contando a ela pequenas histórias, falando sobre seus sentimentos, o que acontecia quando ia para casa e encontrava Anahí e as gêmeas.

A tarde daquela quinta-feira não trouxe boas notícias a família Herrera. O inesperado ocorreu. Receber aquela notícia causou muitas lágrimas, revolta, agressões verbais perante os profissionais que cuidavam do caso.

Reunidos no quarto com uma equipe médica, Anahí e Cecília buscavam manter a calma e evitar que Alfonso agredisse fisicamente as pessoas que ali estavam.

- São coisas que acontecem. - Riggs falou um pouco temeroso, puxou o ar tomando coragem para prosseguir - Muitos pacientes tem uma melhora e logo após vem a falecer. Sinto muito, nos fizemos de tudo. – explicou, tentando convencer Alfonso.

- Vocês não fizeram de tudo pra salvar a minha filha, continue tentando. – esbravejou, enxugando as lágrimas.

- Poncho a Júlia está... – Anahí travou, aquela palavra era dura demais para ser dita.

- Não ouse dizer essa palavra Anahi. – gritou dando de dedo na cara dela - Minha filha está viva, apenas ligada a esses aparelhos pra poder respirar.

- Filho não há nada mais que possa ser feito. – Cecília disse em meio as lágrimas, tocou o ombro dele - Júlia já não está mais conosco.

Alfonso afastou-se rejeitando o carinho da mãe, olhou a sua volta e balançou a cabeça negativamente.

- Júlia está viva. – disse alto, tentando convencer a si mesmo disso - Minha filha não pode me deixar.

Ele sentiu o chão lhe faltar e caiu de joelhos ao solo, em prantos. Anahí o amparou, abraçando-o.

- É um momento difícil senhor Herrera, mas precisamos que assine a autorização para desligar os aparelhos e... – Riggs disse aproximando-se do casal.

- NÃO! – Alfonso gritou assustando a todos, olhou furioso para Riggs e apressadamente abraçou o corpo de Júlia - Ninguém encosta na minha menina.

- Poncho... – Anahí sussurrou e ele fez sinal para que ela se calasse.

- Júlia está viva, Júlia está viva. – ele repetiu várias vezes, abraçando-a mais forte.

Anahí fechou os olhos e cambaleou, aquele não era um bom momento para ter um enjoo. Cecília logo percebeu e a aparou, abraçando-a.

Seria mais difícil do que haviam cogitado convencer Alfonso, fazê-lo acreditar de que não havia mais nada a ser feito, parecia impossível mudar a concepção do moreno. Riggs aproximou-se de Anahí e Cecília com alguns papéis nas mãos.

- Sei que é um momento difícil, mas como Júlia teve morte cerebral... – pausou, tentando buscar a melhor forma de explicar o que poderia ser feito.

- Doação de órgãos. – Cecília comentou incrédula e Riggs assentiu – Vocês parecem um bando de urubus em cima da minha neta! Ninguém vai tirar nada!

- Senhora, sua neta pode salvar a vida de outras crianças. – Riggs argumentou e ela negou.

- E da minha neta o senhor salvou? – questinou, tragou saliva e o encarou friamente - Ninguém vai fazer nada!

Cecília retirou-se da sala e Riggs olhou para Anahí. Talvez ela pudesse lhe autorizar algo.

- Você como mãe da menina pode...

- Eu não vou autorizar nada – ela interrompeu-o, puxou o ar pela boca e o soltou vagarosamente - Dê-me algumas horas para conversar com Alfonso, depois poderá desligar os aparelhos. – falou calmamente e Riggs lhe estendeu os papéis – Não! – Anahí murmurou trincando os dentes - Já é difícil aceitar a morte de Júlia, acha mesmo que vamos autorizar que retirem os órgãos saudáveis dela? Se é que tem algo saudável ainda por causa daquela bruxa. Saia desse quarto ou terei que lhe arrastar pelos cabelos. – ameaçou, olhando-o duramente - Fora todos! - ordenou apontando para a porta.

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora