Caminos Cruzados

Capítulo 1 - Como se você tivesse amnésia

Alfonso:  Chega! Não aguento mais ver isso. - Alfonso jogou o Notebook de lado e passou as mãos inquietas pelo rosto.

Não entendia o que estava acontecendo, ele tinha certeza que aquele sentimento estava morto e enterrado dentro de si. No entanto, ao escutar aquela canção... Aquela voz... Sentiu um calafrio e seu corpo inteiro se arrepiou diante do timbre rouco que o alucinava. Ouviu a letra uma, duas, três vezes e teve a certeza. Não havia dúvidas. 

Lembrando de momentos que tinha guardado num lugar escondido dentro de si mesmo, ele levantou, foi até o barzinho da sala e serviu um gole de Whisky. A música continuava a envolver o apartamento, era incrível como a voz daquela mulher incendiava sua alma. De repente, ele se sentiu quente demais. Podia sentir o cheiro dela, dos cabelos, da pele macia... Lembrava-se de tudo tão nitidamente, como se fosse ontem...

Sem perceber lembranças adormecidas tomaram seus pensamentos:

RBD. Celestial World Tour, 25 de abril de 2007

Anahí: Ponchito, meu amor. Como está? - Ela disse dengosa arrumando a gola da camisa dele enquanto sorria docemente. Vestia uma saia preta rodada e um top também preto brilhante, tinha os cabelos ondulados em cachos e uma maquiagem pesada, fazendo os olhos azuis parecerem mais brilhantes.

Anahí: Um doce pelo seu pensamento Charrito! - Ela sempre fazia aquilo, porque?

Alfonso: Eu poderia estar melhor. - Disse, com a voz rouca e safada, no ouvido dela que sentiu um arrepio na nuca. 

Anahi: Ora! não vejo como... Vamos cantar? -  Ah ela sabia muito bem como, mas isso deixaria pra mais tarde.

Alfonso: Meu Deus Alfonso, pare. - Falou para si mesmo, mas era quase uma súplica. 

Enquanto seus pensamentos se arrastavam para um lugar escondido no passado, a música que o deixou tão atormentado soava pelo apartamento inebriante e mais viva que ele mesmo. 

"Como si me hubieras amado

Y mi nombre se hubiera borrado

Como si una vez me hubieras escrito

Y tu pluma me hubieras tachado

Como si tu cuerpo tuviera

Toda la memoria vacía

Como se cruzaras la puerta

Y sin ti cerrara la vida

Quien de mí te habrá curado?

Y embriagado de anestesia

Como se tuvieras amnesia..."

Alfonso: Eu que esqueci? - Ele divagava, sozinho e completamente transtornado. - Eu que estou com amnesia agora? Você só pode estar de brincadeira... - Se sentia ultrajado. 

Olhou em volta, estava no apartamento que comprou em Miami, nos Estados Unidos, para quando viajasse a trabalho. O local era luxuoso, decorado com seu estilo e masculinidade. Um sofá grande de cor cinza ocupava quase metade da sala, de frente para ele, havia uma parede negra com um móvel e uma TV de plasma. A sala tinha um ar de suspense e magnitude. Os móveis eram todos em tons de preto e cinza. Havia um pequeno bar no canto da parede, era tudo o que ele precisava nesse momento. 

Sozinho e embriagado com aquela voz tão familiar, Alfonso sentou novamente no sofá, abaixou os cotovelos nos joelhos e uniu as mãos num triangulo, em um gesto pensativo. Observou a figura que cantava na tela do Notebook, ela reluzia como um maldito anjo, perfeita. Vestia um vestido curto de franjas prateado que delineava perfeitamente suas pernas. Na cabeça, uma tiara de joias caras, o cabelo caia em cascata de fios ondulados pelos ombros e costas. O rosto de traços finos maquiado perfeitamente, com um tom de vermelho vivo nos lábios, os olhos azuis grandes e brilhantes, como nunca... Como sempre. Ela brilhava pra ele. 

Cantava aquela música com emoção e tristeza, ao mesmo tempo que demonstrava uma paixão reprimida. Mas havia algo a mais naquele olhar, lá no fundo, algo que poucas pessoas conheciam. Ela olhava ironicamente para a câmera com aqueles olhos azuis imensos, quase como uma afronta para quem assistia, intensa como uma tempestade. 

E ele não aguentava mais.

Num surto de absoluta loucura, Alfonso Herrera Rodríguez, ex-integrante da RBD, agora, ator aclamado e queridinho da Netflix, levantou num impulso, pegou as chaves do carro, apagou as luzes e saiu sem olhar para trás.

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Olá!

Apresento-lhes minha
primeira web, Caminos Cruzados.

Escrevi essa história com muito amor e espero, de todo meu coração, que vocês gostem. Nem preciso dizer, mas a história é inventada, datas, ações e episódios descritos aqui não conferem com a realidade (em partes, rs). Claro que para nós, Traumadas, sempre será real nos nossos corações.

xoxo