Capítulo 31 - Aliados

2.8K 163 272
                                    



"Porque amor é justamente isso, é ficar inseguro, é ter aquele medo de perder a pessoa todo dia, é ter medo de se perder todo dia. É você se ver mergulhado, enredado, em algo que você não tem mais controle." Fabrício Carpinejar


Anahí se recompôs e observou Alfonso fechar o zíper da calça com os olhos grudados na paisagem, deslumbrado, a expressão facial indecifrável e o olhar era vago. Ele levou as mãos ao rosto passando-as pelo maxilar e respirando fundo. Parecia pensativo. Anahí foi até ele, receosa.

Anahí: Está tudo bem? ― perguntou, indecisa se chegava mais perto ou não. Alfonso se virou e deu de cara com aquele par impressionante de pedras azuis, o encarando intensamente. Toda a confusão da mente dele se esvaiu por completo. Sorrindo, se aproximou dela.

Alfonso: Nunca esteve melhor. ― disse, quebrando o espaço entre eles e beijando o rosto dela ― Vamos descer.

Eles desceram para o quarto de Anahí. O corredor do hotel estava vazio, Alfonso tinha um dos braços envolta dos ombros dela, a cabeça afundada na curvatura do seu pescoço, o beijando, ela ria nos braços dele. Eles chegaram à porta e Alfonso, ainda segurando-a, passou o cartão no dispositivo magnético depois selou os lábios dela rapidamente.

Só que foi no exato momento em que Miguel Ángel e mais dois colegas da série passavam pelo mesmo corredor gargalhando, ninguém reconheceu o colega de elenco, mas Miguel sim.

Alfonso entrou primeiro e Anahí em seguida, a passos lentos e – quem diria – cruciais. Miguel viu claramente os traços perfeitos do rosto dela, os lábios carnudos, os olhos azuis brilhantes, o cabelo castanho todo bagunçado. Ela estava com a roupa toda amarrotada e segurava um tufo vermelho na mão enquanto entrava rindo no quarto.

E de repente aqueles míseros segundos passaram-se em câmera lenta.

Por que Miguel arregalou os olhos e ficou ali parado, estancado, com o rosto divino daquela mulher na cabeça. A mente fazendo uma varredura silenciosa, ele conhecia aqueles traços de algum lugar... A cabeça dele começou a doer, ele balançou-a.

Miguel: Vocês viram?

― Que? – perguntou Erendira que estava ao lado dele.

Miguel: O Alf... – balançou a cabeça de novo – Esqueçam.

Mas então ele se lembrou.

Dezembro de 2015.

Alguém o mandou o vídeo de Alfonso e dois colegas de elenco vendo memes brasileiros da série. Após algumas imagens rolarem no visor enquanto os amigos riam descontrolados, a tela se iluminou uma vez mais surgindo uma foto de Alfonso mais novo próximo a uma menina. Sim era uma menina, não era? Miguel coçou a cabeça com a lembrança.

Ela usava uma saia preta rodada, uma camiseta branca colada no corpo, o cabelo castanho estava solto indo até abaixo da suas costas. Eles estavam tão próximos que quase se beijavam. Mas não foi a proximidade deles que o interessou.

Não mesmo.

O que o interessou foi a risada nervosa que Alfonso soltou na hora. Miguel nunca tinha o visto daquele jeito, parecia extremamente fora de si.

Alfonso: Aqui está comparando no colégio e na faculdade – apontou para cada uma das duas imagens – Quer dizer é um programa que eu fiz no México e fez um grande sucesso no Brasil. ― ele explicou sem ter um motivo em si.

Caminos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora