Capítulo 56 - O Destino é implacável

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"Cargo un pesado equipaje. Recuerdos que contaminan..." –  Amnésia, Anahí


Luz.

Muita luz.

Foi tudo que Anahí viu quando abriu os olhos.

Uma luz incandescente que a obrigou a fechar os olhos com força.

Em seguida os olhos azuis cristalinos se abriram novamente e piscaram repetidas vezes, incomodados com a iluminação do lugar. Oras, não podia ser. Parecia que afinal havia morrido e ido direto pro céu? Como poderia? Depois de tudo de ruim que fez, ela realmente achou que Deus seria menos benigno com ela, mas parecia que estava errada. Com um movimento brusco tentou se levantar, mas foi travada por alguma coisa, ela não conseguiu identificar o que era, mas havia algo prendendo seu corpo. Seus braços e pernas. Com uma careta de dor tentou se levantar novamente e foi impedida. Parecia que havia uma britadeira em seu cérebro, pois sua cabeça doía muito.

Então focou num rosto familiar.

Seu amigo estava branco feito um papel, os olhos vermelhos de chorar e boca ressecada. Desesperado. Havia sangue em sua camisa preta e ele corria, Anahí tentou levantar a mão pra alcançar ele, mas foi impedida novamente. Algo estava errado. O zumbido no seu ouvido aumentou, fazendo-a se sentir ainda mais zonza. O seu amigo a fitou por um instante, percebendo que ela acordara e murmurou alguma coisa que Anahí sinceramente não entendeu. Então com mais um golpe de dor de cabeça ela desmaiou novamente.

Perdendo a luta pra inconsciência. Levando-a pra um mundo de pesadelos sem fim.

Christian: ELA DESMAIOU DE NOVO! – gritou, correndo ao lado da maca enquanto Anahí era levada para receber os primeiros atendimentos – AJUDA ELA PELO AMOR DE DEUS.

Uma enfermeira colocou a mão no seu braço e mostrou o quarto, indicando que já haviam chegado.

Enfermeira: Acalme-se, por favor, senhor. Vamos checá-la agora. ― Dulce parou na porta do quarto e enfiou as mãos nos cabelos, puxando-os pela raiz, seu celular não parava de tocar. Era Maite, obviamente. Querendo saber pela décima vez como os amigos estavam.

Mas porra, o que ela ia falar para a amiga grávida de um mês? Que não acharam Alfonso? Que encontraram Anahí definhando no quarto? Que quase foram mortos umas 50 vezes desde que chegaram ao estado?

Pelo amor de Deus, se não tivessem se equipado e soubessem muito bem se defender não estariam vivos pra contar a história. Os homens de Velasco não se importavam em tirar quem quer que estivesse na frente. Eles simplesmente atiravam, socavam e matavam. Era um lugar sem lei.

Dulce já teve muitos problemas com os pais, mas pela primeira vez na sua vida agradeceu ter sido muito bem criada por um policial. Ao alcançar certa idade, ela fazia treino de tiro e luta. Seus pais sempre sonharam que ela seguisse a mesma carreira.

Que pena, Dulce tinha outros planos.

A menina sempre foi uma artista. Uma compositora sensível. Uma cantora maravilhosa. Após um tempo, finalmente os pais aceitaram. Seu pai foi morto em serviço e Dulce carregou o legado dele por décadas.

Bem, pelo menos pra isso toda aquela sessão de tiro serviu, certo? Conforme foi crescendo, a menina se transformou numa mulher sensível. Muitas vezes confundida com uma pessoa fraca. Ela não agüentou a intensidade do RBD e a forma como as coisas aconteceram... Os resultados que tiveram no final. TANTAS coisas aconteceram. Como ela poderia suportar? É como sempre Maite dizia ninguém é igual a ninguém, e se Dulce precisava de um tempo pra assimilar as coisas, então, bom, que seja.

Caminos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora