Caminos Cruzados

Capítulo 61 - Surpresa, papai!

Dedicado a  Bela Rocha @iwrocha

Feliz aniversário, bb.

O tempo parece passar bem devagar quando se está no meio de um pandemônio.

Bom, pelo menos era o que Ben Daniels acreditava.

Enquanto se recuperava daquele maldito tiro, naquela maldita cama, uma semana se passou lentamente. Cara, parecia ter sido um mês. A verdade é que ele estava impaciente. Irritantemente furioso com toda a merda que havia acontecido nos últimos dias. Não que ele estivesse arrependido. Muito pelo contrário, faria tudo novamente pelos seus amigos. Em verdade, ele sabia exatamente os riscos que corria saindo numa busca desenfreada por Anahí e, bom, os prós e contras. Mas ela estava viva e segura. E isso era tudo que importava no fim das contas. No entanto, seus inimigos ainda estavam à solta. Apesar do esforço de Alfonso em matar Velasco, Daniels sentia que o sujeito ainda estava bem vivo e respirando. Diana poderia estar enfurnada em seu apartamento, mas era questão de tempo para àquela mente criminosa começar a agir.

Francamente, Ben Daniels era um cara que enxergava anos luz a frente do resto do mundo, ele sabia que aquela guerra estava longe de terminar. Ele precisava mais do que nunca de reforços, armamento e um plano infalível. Mas, infelizmente, trancafiado naquele quarto era difícil tramar alguma coisa útil.

Ben: Eu não vou ficar preso aqui pra sempre, Fons. – disse, ríspido. Metade do tronco estava enfaixado até o pescoço, a outra parte à mostra. O peito nu subindo e descendo conforme respirava.

Alfonso: Só quero que se recupere, Daniels. Será que é tão difícil? ― este estava encostado no batente da janela, com os braços cruzados sob o peito forte. Usava uma calça jeans preta, camisa de botões azul escura e um relógio preto no pulso. No rosto, uma expressão cansada. Ele parecia mais velho que seus 33 anos. A vida poderia ser cruel às vezes.

Ben: Dr. Raves disse que estou fora de perigo e alguma coisa está acontecendo. ― ele respondeu, limpando a boca com o guardanapo e jogando na bandeja de comida. ― Maite me evita a todo custo. Anahí não olha nos meus olhos quando conversamos e você... Bom, você está me vigiando o tempo todo.

Alfonso: Só quero que você fique bem, brother. ― ele desencostou da janela e passou as mãos pelo cabelo, exasperado. Lá fora, os sinais de março já começaram a dar as caras. O clima mudara, de manhã fazia frio e a tarde o sol queimava. Uma semana havia se passado, mas tudo continuava numa densidade absurda.

Ben: Quero que chame Maite aqui. ― disse, sério. Observando-o atentamente. Estudando-o ― Ou vou me levantar e ir até ela.

Alfonso: Daniels...

Ben: Vai logo, Alfonso. ― mandou, irritado.

Maite: Não será necessário. ― A voz doce e sombria de Maite se fez presente. Ben sentiu os pêlos da nuca se arrepiarem. Algo estava errado. ― Precisamos conversar, Daniels.

Alfonso: Certo. Vou esperar lá fora ― ele coçou o queixo, então voltou e olhou pros amigos, como se pensasse no que dizer a seguir. ― Tenham cuidado, crianças.

Ben lhe mostrou o dedo do meio e se voltou pra Maite, sorrindo. Mas assim que viu a expressão desesperada no rosto dela, o sorriso morreu. Ela sentou na poltrona ao lado dele e cruzou as pernas. Usava um vestido cinza xadrez que ia até acima dos joelhos. Suas pernas pálidas estavam expostas. No pé, usava uma bota cano baixo preta. O cabelo estava solto e enrolado, como ondas do mar. Como Ben gostava de sugerir.

Ela olhava pro chão, mordia o lábio e estralava os dedos, nervosa.

Ben: Deus Perroni! Posso ver a fumaça saindo da sua cabeça, mulher. ― disse, preocupado, mas com um ar divertido. Maite não achou graça, a morena respirou fundo e levantou a cabeça.