Caminos Cruzados

Capítulo 43 - Escolhas

"Em certos momentos, os homens são donos dos seus próprios destinos."- William Shakespeare.

Ben se sentia fora de lugar. Deslocado. Ali tinha muitos artistas, obviamente, todos falavam espanhol tão rápido que não dava tempo de Ben entender muita coisa. Ele apenas assentia. Era tão mais fácil falar com os RBDs, que misturavam espanhol e inglês na hora de se comunicar com ele. E pra completar ainda mais seu incomodo, Jesse & Joy estavam lá. Eles não eram pessoas ruins, claro que não, muito pelo contrário. Eram amigos de Alfonso. Ben conheceu-os há alguns meses nos EUA, eles se encontraram algumas vezes quando a dupla estava em turnê pela America, e na última vez, e fatídica, Ben havia deixado Joy numa situação complicada. Mas não era culpa dele, poxa, ele estava correndo contra o tempo. O dono do hotel no Brasil queria processar Alfonso, Anahí estava exposta e precisava voltar pro México o quanto antes. Ele precisou sair correndo. Só que isso Jesse não sabia, nem saberia. Que pena.

Naquele momento, Ben decidiu que sua melhor opção era encher a cara. Vendo Maite conversar com uma série de jornalistas, atores e produtores da Televisa, ele recostou numa pilastra e pegou uma taça de espumante de um garçom que passava. As luzes se apagaram, o local ficou num breu e uma cabeça apareceu no mini palco montado a sua frente. Era Joy. Jesse estava sentado, ao piano, Joy com o microfone na frente. Ben suspirou, olhando-os. Ele não queria fazer a moça sofrer, ele nem sabia que ela havia chorado, como saberia? Pra ele era apenas mais uma aventura... Porém parecia que pra ela não.

Dueles – Jesse & Joy

Cuando estabas junto a mi
Nuestra luz era celestial
Que más podía pedir
Encontré la felicidad ♪

A voz angelical e sublime de Joy invadiu o ambiente, levando Ben pra longe... Muito longe dali.

Sin aviso
Nuestro paraíso nos dejo
Y ahora tu recuerdo
Me hace sombra al corazón ♪

Outubro/ 2016

Joy: E o que você tanto faz lá? ― perguntou, com um sorriso de canto. Ben colocou uma mecha de cabelo dela pra trás e sorriu.

Ben: Estou ajudando o Alfonso num assunto... ― ele suspirou ― Mas eu não posso dizer do que se trata. Desculpe.

Ela assentiu, entendo. Ela sempre entendia. Ben ficou fascinado pela paz que ela irradiava. Era uma pessoa tão leve, tão simples, que fazia ele também querer ser assim. Mas ele não era. Aquela não era uma vida simples. Os amigos dele não eram simples. Ele não podia se dar ao luxo de querer ser simples.

Hoy se cumple un mes
Que ya no me ves, te fuiste nada más
Quisiste renunciar a quererme
Y como dueles ♪

Ben: Linda... ― chamou, fazendo ela encará-lo. ― Sabe que daqui alguns dias terei que ir embora, certo?

Ela suspirou. Visivelmente triste. Ele não gostava de deixá-la triste, não combinava com a personalidade serena dela.

Joy: Tudo bem. ― pensou um pouco antes de falar ― Podemos nos ver depois da minha turnê. No DF.

Ben não queria isso. Ele não podia se dar ao luxo de ter um relacionamento. Não naquele momento, com todos os problemas que havia metido, com o embaraço que a vida de Anahí e Alfonso se encontrava. Ele tinha que estar focado. Mas como dizer não pra aqueles olhos castanhos, suplicantes? A pele dela era mais branca que a neve, o sorriso tão angelical que poderia abrandar uma guerra inteira, o cabelo grande num enrolado que parecia as ondas do mar, ele se sentia em paz.