Capítulo 57 - O renascer

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"Me estoy volviendo loco por ti...Que hasta en mis sueños te veo, sin ti yo me muero." – Este Corazón, RBD.


Enquanto a mente de Anahí viajava entre passado e presente. Alfonso estava ao seu lado, de joelhos no chão, com o rosto afundado na curva do braço dela. Como se àquele colo fosse o único para quedas para o declínio macabro que havia enfiado sua vida.

Bem, talvez fosse.

Alfonso: Anahí? ― chamou, assustado, passando as mãos grandes pelo queixo dela. ― Anahí?

Sem resposta.

Anahí estava completamente envolta em seu transe particular, seus olhos estavam fechados, a testa franzida, o rosto contorcido, como se sentisse dor.

Alfonso se levantou, assustado, passando as costas da mão pela bochecha. Secando as lágrimas que caíam descompassadas pelo rosto. Era a verdadeira imagem de um homem destruído. A imagem de um homem que perdera tudo. E, cara, que droga. Ele respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo, desesperado, e berrou:

Alfonso: Enfermeira! ― Christian e Dulce se materializaram no quarto em questão de segundos. Os dois pareciam fantasmas de tão angustiados. A roupa de Christian estava amarrotada, suja de sangue, o rosto petrificado, os olhos arregalados. Dulce, por sua vez, tinha feito um coque no cabelo, a franja caia sob o rosto, mas o penteado angelical não era nada comparado à aflição que refletia em seus olhos castanhos. Ela sofria.

― O que está acontecendo? Ela acabou de abrir os olhos e me chamar... E de repente, sumiu novamente.

Dulce respirou fundo e deu alguns passos a frente. O barulho da bota ecoando pelo chão.

Dulce: Dê um tempo pra ela, Poncho. ― pediu, o encarando. Então foi até Anahí. ― Ela está muito fraca, não consegue se manter acordada.

Alfonso: Eu preciso dela, Dulce. Eu preciso.

É impressionante como a vida pode ser estranha, confusa e contraditória às vezes. Por mais que você tente se manter otimista e sereno diante dos fatos, sempre há coisas, pessoas e momentos que te fazem regredir. E, cacete, que merda.

Mais tarde, Christian e Dulce entenderiam que tudo o que aconteceu naquele momento – naquela droga de momento – teve um ótimo motivo. Mas bem, isso seria mais tarde. E seria bem depois dele começar a dizer...:

Christian: Ela vai ficar bem. ― ele disse, apertando o ombro do amigo e olhando Daniels que estava ao telefone encostado na porta do quarto. ― Você precisa ser forte. Por ela, pelo Dani, por todos nós.

Clichê errado, Christian.

Alfonso piscou algumas vezes, tentando assimilar as palavras e, de repente, franziu a testa. Um alarme estranho começou a tocar em sua cabeça. Olhando em volta, ele quase esperou ver os capangas de Velasco entrando pela janela e roubando Anahí, ou atirando em Ben e escalando as paredes. Mas não...

Alguma coisa estava errada. Pois o sino não parava de tocar. Quando um pânico estranho e sem forma física invadiu seu corpo ele se perguntou qual era a porra do problema e então...

Tudo aconteceu muito rápido, em um momento Anahí estava dormindo com o rosto contorcido, e no momento seguinte, ela estava convulsionando na cama. Os aparelhos passaram a apitar ferozmente e Alfonso girou a cabeça pra frente, como se estivesse sendo exorcizado pelo demônio.

Cara, foi naquele momento que Alfonso perdeu tudo.

Aquele desgraçado pedaço de momento.

Ela espumava pela boca enquanto uma confusão de braços, pernas e tronco se debatiam na cama. Tudo o que havia ingerido pela sonda passou a ser vomitado em altas contrações. A equipe médica chegou rapidamente e começaram a se movimentar em volta da cama do seu amor. Da sua vida. Do seu anjo. Do motivo pelo qual o coração dele ainda batia. Um grito mudo ecoou pelo quarto, um grito com tanta dor que ninguém ouviu, mas aquele som ficou entalado na garganta dele. Espremido em torno do seu coração. O comprimindo. O matando.

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