Capítulo 14 - Conmigo peligra tu corazón

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Anahí: Isso não é hora de aparecer na minha casa, Alfonso. – a voz dela o cortou do seu transe particular e ele balançou a cabeça, descontrolado.

Ela continuava a descer as escadas tranquilamente. A expressão neutra no rosto alvo, sem nenhuma maquiagem, completamente natural e pura, causava arrepios nele.

Alfonso: Não me interessa. Eu quero uma explicação sobre o que você fez hoje. – ele não tinha ido falar daquilo.  Na verdade ele não se lembrava DO QUE especificamente ele tinha ido falar, eram tantas coisas. Tantos assuntos inacabados que o deixava até tonto.

Anahí: Claro que não te interessa. Como poderia ser diferente? – ela terminou de descer e o encarou. Os olhos azuis pareciam duas pedras de gelo de tão mortais – O Alfonso egoísta não pensa em mais ninguém a não ser nele mesmo e nos seus próprios interesses. Não é mesmo?

Alfonso: Faça-me o favor Anahí. Você adora me chamar de egoísta, mas não enxerga um palmo do que você mesma causa – ele gesticulava, irritadiço. O cenho levemente franzido. – Minha esposa está uma arara achando que temos um caso. Por cristo! – ele passou as mãos no cabelo, nervoso. E Anahí umedeceu os lábios, numa vontade repentina de passar as mãos naquele cabelo de novo.

Ela o fitou uma vez mais em silêncio. A postura séria e neutra que tinha por fora não tinha por dentro. A cabeça voava entre passado e presente. Com um suspiro virou as costas pra ele estralou os dedos, como se tivesse coisa melhor pra fazer.

Anahí: Venha, vamos até a sala de visitas. Você vai acordar minha família inteira aqui. – ela andou pelo estreito corredor e ele a seguiu, quieto. Não teve como não olhar para o traseiro de Anahí balançando de um lado para o outro enquanto andava. Ele não deveria mesmo ter ido ali.

Entraram numa sala com três sofás negros, uma estante de livros gigante cobria duas paredes do cômodo. Havia uma mesa de centro e um bar, que ótimo.

Anahí: Você já esta bêbado o bastante então não vou te oferecer nada. – ela esperou-o entrar e fechou a porta atrás de si.

Alfonso: Que pena porque vou pegar mesmo assim. – foi até o bar e serviu dois copos de Whisky puro.

Enquanto ele estava de costas, Anahí aproveitou para observá-lo um pouco mais. Ele usava uma calça jeans preta, uma camisa simples também preta e o maldito tênis branco da Adidas... Ele se virou para ela, encarando-a. E Anahí engoliu em seco. Então ele depositou o copo nas mãos frias dela, os dedos roçaram levemente. Anahí sentiu todo seu corpo queimando por dentro. O toque deles era como uma faísca num campo cheio de gasolina. Ela estava fria. Usando apenas uma camisola e hobby, descalça, mas por dentro sentia-se puro fogo. Uma onda eletrizante se apoderava lentamente do seu corpo. Ela afastou a mão rapidamente e bebeu um longo gole.

Anahí: E então?

Alfonso: Por que fez aquilo mais cedo? – ele se afastou e bebeu o conteúdo do copo sem olhá-la.

Anahí: Não sei do que está falando Poncho. – ela continuou bebendo tranquila, então se sentou no sofá e cruzou as pernas, ingênua. Uma ingenuidade falsificada, Alfonso a conhecia bem demais para saber que ela tramava algo. Ele viu o exato momento em que ela mudou a posição das pernas. Os olhos intensos a fitavam sem nenhuma prudência. Ele se sentou no sofá enfrente a ela.

Alfonso: Anahí, não somos mais crianças. Você está jogando com a sorte.

Ele pousou uma das pernas em cima do joelho. A calça subiu um pouquinho e ela pôde ver as meias vermelhas quadriculadas e ridículas dele.

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