Capítulo 42 - A revolta

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Feliz Aniversário de novo, Giovanna.


"O verdadeiro espírito de revolta consiste justamente em exigir a felicidade aqui na vida." Desconhecido

Alfonso não era um homem ingênuo como muitos acreditavam. Ele só era racional demais. Tudo o que Ben, Christian, Maite e até Anahí disseram estava muito fora dos padrões dele. Pelo amor de Deus, ele vivera com Diana durante anos, como alguém poderia ter coragem de dizer que ela era uma criminosa? Ou até uma viciada? Era loucura, completa loucura. E ele era um rebelde convicto, mas até para o lado rebelde dele aquilo era insanidade demais.

Ele chegou em casa, batendo a porta e deixando as chaves na bancada da sala. O apartamento estava em silêncio. Passava das 2h da manhã. Fazia dias que ele não pisava ali. Que não falava com Diana. Ele tinha tantas coisas pra falar, pra perguntar a ela. Começando pelo fato dela ter escondido a carta dele. Por que diabos, afinal, ela fez isso? Por que tinha essa necessidade de afastar Anahí dele sempre?  Tudo bem que o casamento deles nunca foi perfeito, a sombra de Anahí sempre esteve lá, mesmo que imperceptivelmente. Mas até então ele não achava que aquilo interferia no casamento dele. Coitado.

Ele foi andando pelo corredor que dava para os quartos, as mãos tamborilando pela parede, a cabeça vagando entre passado e presente, chegou até a porta do quarto do filho e abriu-a. O menino ressonava, usando um pijama de calça e camisa com o Mickey estampado várias vezes. Alfonso sorriu e chegou perto do filho. Passou as mãos nos cabelos dele, respirando fundo então beijou sua bochecha.

Alfonso: Oh meu amor... ― sussurrou, no silêncio do quarto ― Me desculpe por toda essa loucura.

Dani não reagiu, continuou dormindo, quieto, alheio aos milhares de problemas do pai. Alfonso abaixou a cabeça, inspirando o cheiro do garoto, beijou seu rosto, acariciou seus cabelos. Então ouviu um barulho do lado de fora e saiu do quarto, tendo cuidado ao encostar a porta.

E lá estava o destino pra pregar uma peça nele de novo.

Alfonso: Diana? ― perguntou, passando pela sala e entrando na cozinha. ― Diana? ― A mulher de costas que ele viu era apenas a sombra de sua esposa. Ela estava na cozinha, as mãos encostadas na pia, os olhos fechados. Ela usava uma calça jeans, a barra estava toda suja, a camiseta branca simples agora estava amarrotada, o cabelo preso todo desgrenhado... ― Você está bem? ― perguntou, chegando perto, a mulher não se virou, ela simplesmente assentiu com a cabeça.

Alfonso: O que houve? Foi assaltada? ― perguntou, olhando em volta, a bolsa e pasta da mulher não estava por perto. Mas que diabos?!

Diana: Eer... Não esperava você aqui. ― disse, a voz num silvo. ― Afinal, faz dias que não dorme em casa.

Alfonso: Eu estava na festa de aniversário da Dulce... Mas, espera, onde você estava até essa hora? ― perguntou, chegando perto.

Diana: Hum... Na redação. Alfonso, olha eu to morrendo de dor de cabeça, estou indo deitar. ― ela se virou, tentando olhar pro chão. Difícil, com um homem grande como ele bem perto de si. Ela levantou o rosto e o que Alfonso viu o chocou. A mulher estava com o rosto todo vermelho, as pupilas dos olhos dilatadas, o cabelo grudado na testa de tão suado, o maxilar, pescoço e colo dela estava molhado... Suado. A boca estava seca, chegava a aparecer uma casca nos lábios, o odor era de... tabaco e algo mais... 

Alfonso: O que houve com você? ― perguntou, encarando-a.

Diana: Eu vim correndo... Alfonso, com licença. ― disse, virando o rosto e pedindo passagem. Alfonso não saiu do lugar, que pena.

Caminos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora