Capítulo 65 - Castigo divino

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Os dias passaram lenta e dolorosamente.

A imprensa mexicana finalmente foi sensata e deu uma brecada para Anahí e sua família poderem sofrer o luto em paz. Ninguém falava da família Portilla nos jornais. Fora uma calmaria aterrorizante. Na internet, as pessoas sofriam a dor da própria ídola, alguns fãs até cogitavam um possível cenário de depressão em Anahí, já que agora ela estava sem uma das pessoas que mais lhe deu apoio durante sua dura jornada.

Muitas eram as especulações, mas poucos sabiam a verdade.

Anahí vagava como um fantasma pela casa de Christian. Era um verdadeiro borrão no tempo. Alfonso a observava, de longe, sem conseguir se aproximar. O medo de quebrá-la mais uma vez era constante. Porra, eles já sofreram tanto que qualquer passo em falso poderia ser decisivo.

Christian tentava dar apoio a amiga, mas – convenhamos – nessas horas as palavras de consolo às vezes acabam piorando a situação.

Dulce e Maite sabiam disso, por isso se mantinham distantes. Cada uma em seu apartamento. Elas já haviam voltado as suas rotinas, mas claro, bem lentamente. Dulce carregava contusões por todo o corpo. Sua pele branca tinha marcas da guerra impiedosa que lutou ao lado dos amigos. No entanto, estranhamente, finalmente se sentia parte de alguma coisa. Após muitos anos, ela sentia que havia um lugar pra si no mundo. Um lugar ao lado das pessoas que amava. Finalmente a sombra do medo e da insegurança do passado havia ido embora e agora se sentia digna de respeito.

Maite tinha um bebê dentro de si e cuidava para permanecer bem e saudável para ele ou ela. Com o passar dos dias, ela aprendera cada dia mais a amar aquele pequeno ser. Parecia já fazer parte dela, não só do corpo, mas também da sua alma.

E Bem... Bom, Ben estava destruído. Em pedacinhos.

Ele sabia que toda magia tinha um preço, seja na terra ou em qualquer outro plano. Mas ainda assim, doía.

Doía muito.

Há muito tempo ele prometera a si mesmo que viveria como um ser humano normal. Um cara normal. Que gostava de farra, mulheres e dinheiro. E, porra, somos provas que ele realmente tentou.

Mas, inferno, como ele poderia prever que o drama de Anahí e Alfonso mudaria completamente seus planos? Em verdade... Ele se interessou pela história dos amigos há muito tempo, era inevitável ver o brilho nos olhos de Alfonso toda vez que alguém falava o nome de Anahí. Toda vez que ele via fotos dela na internet, na TV, nas revistas. Havia algo ali. Ôh sim, havia. E Ben caçou infinitamente, até descobrir toda a verdade.

Duas almas gêmeas separadas pelo destino. Um amor que não suportou os fragmentos do tempo. Que se desintegrou com as dificuldades. Mas que (inconscientemente) conseguia ressuscitar com apenas um aviso, ou um toque, um beijo, uma palavra. Os caminhos de ambos sempre se cruzariam, haja o que houver. A história seria repetida e repetida, como um looping infinito. Se eles não conseguirem ficar juntos nesta vida, renasceriam nas próximas, destinados para se juntar, para sempre. O karma os faria sofrer, haveriam problemas que só poderiam ser erradicados quando ambos superassem (juntos) o orgulho e vencessem o mal. Cara, era muita coisa pra assimilar. Não era? Ainda mais pra duas almas que mal sabiam (e não podiam saber) de tudo isso. Como Ben Daniels poderia ajudar? Ele fez o que pôde. Ele fez até o que não podia.

Poderia ser ele o responsável por uni-los?

Poderia ser essa sua missão na Terra?

Droga, ele não sabia. O Todo Poderoso não era de muitas palavras e sim de muitos enigmas. Que bom, ele teria que descobrir.

Caminos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora