Capítulo 3 - Está tão perto e tão longe

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De repente, sentiu um cheiro familiar... Com um perfume diferente talvez, mas a presença era inegavelmente a mesma. Ela sentiu um arrepio suspeito percorrer sua espinha e levantou o rosto para o espelho. Ela arregalou os olhos e empedrou na mesma hora, dando de cara com o reflexo tranquilo, o sorriso sacana e a postura ameaçadora de Alfonso Herrera bem na sua frente.


E parecia que o karma sempre achava um jeito de encontrá-la.



Anahí ficou estática olhando para ele, sem conseguir dizer nada. Apenas piscou repetidas vezes como se quisesse certificar-se que aquilo era real. Então, após uma longa pausa, olhou para a porta fechada e depois para ele.

Anahí: Mas... o que... - Falou num sussurro, totalmente confusa. E então notou a gravidade da situação, ele invadiu seu camarim?

Anahí: Mas o que é isso? Que merda faz aqui? - Ela tinha os lábios trancados e uma expressão contrariada no rosto.

Alfonso: Boa noite pra você também, Anahí de Velasco – Disse com um sorriso irônico que não aparecia nos olhos.

Anahí: Alfonso? O que faz aqui e porque está vestido assim? - Ela sentiu náuseas e uma dor de cabeça repentina, aquilo só podia ser um pesadelo.

As perguntas ficaram sem respostas. Alfonso virou de costas e abriu o vinho. Pegou duas taças em uma mesinha e serviu.

Então, deixou as taças de canto e virou-se pra ela, totalmente tranquilo. Tirou o celular do bolso mexeu um pouco e o som conhecido da música cortou o silêncio entre eles.

"Quién de te habrá curado? Y embriagado de anestesia Como si tuvieras amnesia..."

Ela olhou para ele atônita. Não conseguia acreditar naquilo.

Alfonso: Você escreveu isso? - Anahí o fitou imóvel. Sentia-se tonta, nauseada e a dor de cabeça piorava com a voz dele. Calafrios começaram a percorrer seu corpo todo, um suor gelado na testa, aquilo era real? Poncho estava mesmo lá, ao vivo e em cores?

Alfonso: Responda. Escreveu isso? - Alfonso falou em um tom mais alto, sem paciência.

Anahí: É o que...?

Anahí: Não! Claro que não. Eu só cantei a música do Noel. - De repente algo riscou na mente dela porque estava dando explicações a ele? Num surto, girou o cabelo como há muito tempo não fazia, as mechas se espalharam no ar e ela apresentou o olhar mais irritado e debochado que conseguia. - Poncho, o que você faz aqui?

Alfonso: Vim em busca de respostas. - Ouvir seu apelido da boca dela arrepiou seu corpo inteiro. E sentiu a ultima coisa que imaginava naquela noite: um desejo incontrolável.

Aquela sensação ele conhecia muito bem. Fazia tempo, mas não tinha como esquecer a mesma gana que teve que ignorar por tantos anos. Fingir que não existia. Mentir em frente às câmeras. Não era uma sensação nova, era uma bem conhecida, ele saudou o desejo imperceptivelmente, seu Miguel interior lhe deu uma piscadela e sorriu.

"Poncho Herrera" lembrou do desafio do gelo, aquela mesma sensação, a mesma voz. Maldita seja.

Anahí: Que respostas? Você tá louco Alfonso? - Perguntou exasperada. Ela estava ficando sem paciência. Ele a fitou quieto.

Anahí: Quer acabar com meu casamento? Com minha carreira? Você não pode aparecer no meu camarim assim! Quem você pensa que é? - O sangue dela fervia de raiva e a forma que ele a olhava não estava ajudando nada.

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