Ele andava pensativo através das estradas de terra acompanhado de um grupo de vinte e dois indivíduos que também cobriam o rosto com capuzes, homens e mulheres que tinham uma altura maior que a sua. Essa era a forma que eram obrigados a andar para que pudessem viajar livremente pelas pequenas vilas do Mundo Paralelo. Mesmo agora, naquela estrada vazia de qualquer outro tipo de ser vivo, eles preferiam continuar com os capuzes, uma vez que o sol escaldante estralava em um céu totalmente límpido.
E não demorou muito para chegarem ao destino que tanto almejavam. Foram dias de caminhada até finalmente chegarem a uma residência feita totalmente de madeira, isolada no meio da mata densa, aparentemente abandonada havia décadas.
- Parece que é aqui – disse o líder do grupo com sua voz rouca, baixando seu capuz e fitando a construção com olhos de um vermelho puro e fatal. A despeito dos olhos, parecia um homem normal, alto e magro, de pele parda e cabelos em um estilo militar: raso, mas mal aparado. Seu rosto era marcado por cicatrizes feias e um nariz um tanto destroncado, o deixando com uma aparência menos amigável. – É toda sua, agora – disse olhando para um dos vinte e dois indivíduos que o acompanhavam, todos vestindo a mesma túnica marrom com capuzes longos levantados de forma que escondiam o rosto através das sombras.
O mais baixo do grupo, aquele a quem o líder se referia, deu alguns passos à frente e observou a enorme casa de madeira. O líder abriu espaço e ele caminhou até a porta, girando a maçaneta.
Trancada.
Não que isso fosse algum problema; chutou-a com força e de cara sentiu o ar pesado que vinha de dentro da biblioteca escura. E sim, mesmo diante da escuridão e da poeira que pairava sobre todo o ar, ele conseguia ver livros.
Entrou.
Prateleiras de cinco metros de altura preenchiam todo o espaço, lotadas de livros dos mais diversos tamanhos e grossuras. Não havia erro: aquele era o lugar certo. Finalmente haviam encontrado a biblioteca do Clã Melesque.
Os outros seres de capuzes também passaram para o lado de dentro, e dessa vez era possível ver seus olhos escarlates brilhando diante das trevas que os envolviam. Um deles tossiu e disse:
- Sou alérgico à poeira.
O líder do grupo aproximou-se do garoto e o analisou friamente, como se estivesse olhando para um prodígio.
- Como prometido, trouxemos você até aqui. Agora, você faz parte do bando.
O garoto assentiu. Ele puxou o capuz e revelou brilhantes cabelos loiros que quase iluminaram a escuridão da biblioteca. Tinha mudado um pouco nos últimos meses. Parecia mais forte e também tinha cicatrizes pelo rosto. Seu cabelo estava avolumado como se não fosse cortado a bastante tempo. Seus olhos azuis tomaram um tom vermelho que cintilou de forma sanguinária – mas o seu olhar manteve-se firme e suave. Jake respondeu:
- Vocês podem contar comigo.
O líder nada disse por um tempo, apenas continuou o estudando. Decidiu perguntar:
- Por que essa biblioteca é tão importante pra você. Por que fez tanto para chegar até aqui?
Tanto talvez ainda fosse uma palavra inadequada para tal definição. Jake havia passado por aventuras que nunca sonhou em passar, mesmo ao lado de Diogo e o restante da turma – que ele não via fazia tempo. Sem delongas, respondeu – mas sua voz não era mais tão suave como antes. Carregava um pingo de cansaço e alívio:
- Porque eu tenho um amigo que vai precisar da minha ajuda em breve. E eu preciso estar preparado.
***
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Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AvventuraLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...