30. Bob e os morcegos

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Alguém sabe há quanto tempo já estamos aqui, no Reino dos Vampiros? — perguntou Eslei.

— Pouco mais de vinte e quatro horas — respondeu Yago, depois de verificar em seu celular.

— E estamos perdidos, pelo que parece — acrescentou Bruno, o garoto-coelho.

Os seis garotos caminhavam por horas por uma planície rochosa com saliências aqui e ali, além de enormes fendas, acompanhados por um místico que Guga ainda não confiava, por isso fazia questão de ficar ao seu lado na retaguarda do grupo.

— Quais são as suas verdadeiras intenções? — perguntou finalmente, depois de uma longa jornada andando em silêncio.

Haviam ultrapassado uma pequena floresta após descerem daquela montanha e entrado em uma espécie de cordilheira vasta e repleta de montanhas que contornavam parte do rio de águas vermelhas, que Yago chamara de Rio Sangrento. O esquadrão concordou em seguir adiante, já que o rio poderia levar ao tal lago que Diogo mencionara antes de se separarem.

— Você quer saber mesmo? — Marcos mantinha uma voz calma, que não combinava com sua expressão carrancuda. Uma feia queimadura marcava metade de seu rosto, tão grande que nem os longos cabelos jogados para o lado conseguiam escondê-la.

— Duvido que esteja realmente querendo nos ajudar. Está mesmo aqui por causa de alguém?

— Qual seria o outro motivo?

Guga não soube o que dizer. Nem mesmo sabia quem era Marcos de verdade, só havia o encontrado uma vez. Havia perdido alguém? De repente, também tivera algum ente querido sequestrado e mantido cativo no Reino dos Vampiros.

— Mas pode ficar tranquilo, Guga, eu só quero te mostrar algumas coisinhas antes de termos a nossa conversa.

Algo na voz daquele sujeito não agradava Guga. Era algo como um divertimento misturado com deboche. Guga só não entendia por que ainda não o denunciara ao restante do esquadrão. Talvez porque queria ver até onde Marcos iria — o que pretendia realmente.

— Já falei que não quero entrar para a Eclipse do Caos — disse irritado. — Se for esse o motivo da nossa conversa, então desiste.

— Relaxa, tenho certeza que você vai ter uma visão diferente em pouquíssimo tempo.

Yago parou.

— Galera, temos companhia.

Dos penhascos que erguiam-se à volta do grupo, homens e mulheres de roupas rasgadas surgiram e revelaram olhos que cintilavam feito rubis, tão vermelhos quanto a água do Rio Sangrento.

— Finalmente encontramos comida — disse um deles.

E atacaram.

Mas foram derrotados.

Apesar do solo rochoso e irregular, o esquadrão soube lidar bem com aqueles vampiros evoluídos. Yago tinha habilidades excepcionais com sua espada de lâmina fina, que dançou em sua mão de forma natural e letal.

— Massacre explosivo! — Marcos derrubou uma boa quantidade com punhos que provocavam pequenas explosões.

Eslei e Salatiel nem precisaram usar seus poderes, pois também eram bons espadachins, ao contrário de Breno, que teve que se transformar, antes deixando sua mochila no chão.

Seu corpo pareceu inchar para cima e para os lados. Seu nariz foi substituído por um focinho e seus olhos reduziram, arredondaram e escureceram. Pelos marrons brotaram em diversas partes de seu corpo, e sua roupa esticou, como se fosse própria para a sua transformação.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora