De repente, eu senti o chão desaparecendo debaixo dos meus pés.
"A Sophia está morta", as palavras da Raylla ecoaram por vários instantes através da minha mente, feito uma lâmina que cortava mortalmente uma presa; feito uma mão que agarrava o meu coração.
A Sophia está morta.
A Sophia está morta.
A Sophia está morta...
Eu tentava encontrá-las, mas parecia que as palavras haviam sumido ao vento. Tudo já estava ruim o bastante, eu não imaginava que as coisas poderiam piorar. Com a minha mãe sendo cativa pelos inimigos e meu irmão e o Billy sumidos por algum lugar, a última coisa que eu esperava ouvir era que a minha namorada – a garota que eu amava de uma forma inigualável – estava morta.
Eu simplesmente desejei morrer.
Natsuno me deu um abraço apertado, como nunca dera antes. Levava consolo, culpa, pêsames. Só não levava conforto. Nada, na verdade, naquele momento, me daria conforto, a não ser que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo. Um pesadelo que começou no momento em que descobri pertencer a uma família de Caçadores de Vampiros.
Porque eu estava perdendo tudo, e não estava me sobrando mais nada.
Pela primeira vez na vida, eu senti uma vontade absurda de puxar meu coração para fora do corpo e jogar em uma fogueira. Porque ele estava me causando a pior dor do mundo: a dor da perda.
Os últimos dias haviam sido sombrios e tenebrosos, e por mais que eu soubesse que algo estava errado comigo, eu simplesmente agia, sem hesitar ou refletir sobre o que estava fazendo.
A Rocha Milenar não apaga a memória da vítima, nem mesmo a possui, apenas desperta os sentimentos ruins que estão dentro da pessoa, Pandora havia dito, a resposta que definia exatamente o que eu havia passado enquanto estava enfeitiçado. Aquele era eu, ao mesmo tempo em que não era. Eu era um assassino, que estava sendo manipulado, mas que agia por vontade própria, se importando com apenas uma coisa: matar quem estava destruindo a minha vida. E foi com essa proposta que comecei a embarcar em missões para aqueles que eu tinha quase certeza que pertenciam à Eclipse do Caos.
Invadi vilas e o Palácio do Fogo. Matei caçadores a sangue frio e roubei alguns tesouros de clãs grandes, incluindo a Tocha Flamejante. E me divertia ao demonstrar meus novos poderes, como se estivesse enfrentando vampiros supremos em vez de caçadores de clãs e tribos aliados ao meu. Eu simplesmente agia, sem qualquer hesitação ou remorso. Homens que provavelmente eram pais de famílias morreram nas minhas mãos, e sem nem mais nem menos. Eu destruí vidas que não mereciam, simples assim
E contei toda a história aos meus amigos, nos mínimos detalhes, desde que levei aquela surra naquele ferro velho, no dia em que raptaram a minha mãe. Contei tudo...
"Eu acordei num lugar escuro, amarrado, com raiva de tudo. Era difícil explicar o que sentia no peito; era um sentimento tão abominável, tão rancoroso... Eu imaginava na forma mais cruel de matar o Glen ou o Gilberto. Sentia raiva também do Shaong e do Mendonza. Mais do que nunca, eu queria acabar com a Eclipse do Caos. E então eles apareceram.
Cinco caras com máscaras me soltaram e fizeram um trato comigo. Eles haviam pego a minha mãe, e a matariam caso eu não completasse algumas missões. Eu não tinha escolhas, então aceitei. Só não imaginava que sentiria prazer ao começar a matar...
Invadi o Palácio do Fogo e matei alguns dos seguranças que faziam a guarda da Torre do Tesouro. A forma que eu os matei... Meu Deus, foi horrível! Nunca me imaginei tomando esse tipo de atitude. Eu simplesmente os matei, um por um, com golpes frios e mortais. Roubei a Tocha Flamejante, meu tio tentou me parar, mas eu o derrubei. Nem sei se está vivo. Alguns parentes do meu clã apareceram, mas eu consegui uma forma de fugir e dei o fora. Depois invadi outra vila, do Clã dos Químicos. As pessoas que me davam as ordens apenas me mostraram o mapa da vila, aonde encontrar o tesouro e a forma de driblar os caçadores de lá. E eu fiz isso facilmente, matando mais inocentes...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AdventureLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...