Yago estava com a preocupação ao extremo. O que mais temia havia acontecido, e não era a primeira vez. O esquadrão inicial agora estava separado em três partes, o que poderia ser fatal num lugar como aquele, repleto de perigos.
Para piorar, ele ainda estava sendo perseguido pela mulher-aranha. O túnel escuro da caverna parecia não ter fim, fazendo inúmeras curvas para todos os lados. Yago decidiu que precisava parar para lutar.
Olhou para trás, para ver quem estava no seu encalço. Um Bruno apavorado, um Eslei desesperado, um Salatiel em pura adrenalina, um Guga assustado e um Breno que não parecia tão sonolento como de costume fugindo de uma aranhona enfurecida. O garoto-urso estava ficando para trás, por não ser tão rápido, e seria questão de tempo até virar refeição do aracnídeo gigante.
— Vamos ter que enfrentá-la! — Yago avisou, embora preferisse mil vezes outras opções. Pena que não tinha escolha.
— Certeza disso? — Eslei quis saber.
— Sim. Vamos atacar sem perder tempo, cada um da sua maneira. Esse é o plano.
— Ótimo plano — Guga ironizou.
— Esperem, meus chapas! — Salatiel disse abruptamente. — Consigo enxergar o fim do túnel. E bom, só consigo ver o céu.
Os demais também notaram o céu roxo no final daquele túnel escuro, e Yago percebeu que o chão se inclinava ligeiramente ao ponto de o túnel se tornar uma espécie de tobogã em declínio.
— Tive uma ideia — disse com esperança. — Salatiel, vamos precisar de botas, todos nós. Consegue?
— Hã, acho que sim.
— E Eslei, você provavelmente já sabe o que fazer.
Eslei, que estava logo atrás, engoliu em seco.
— E se esse plano não der certo? — perguntou. — Nem sabemos o final deste túnel. Podemos até perder nossas vidas se as botas do Salatiel falharem.
— Ei, confie em mim, irmão! — Salatiel replicou. — Quando foi a última vez que falhei?
— Isso não faz muito tempo — Eslei respondeu, e Salatiel mostrou-se pensativo.
— Do que eles estão falando? — o menino-coelho Bruno quis saber.
— Um plano maluco que uma vez funcionou muito bem — Guga, que estava ao seu lado, respondeu. Bruno não pareceu satisfeito com o "uma vez".
— Amigos, a aranha está quase me alcançando! — Breno gritou com desespero. Salatiel olhou para Yago.
— Isso será um problema — disse. — Não consigo criar botas a uma distância grande. Ele está lá atrás.
Yago suspirou, depois falou para todos:
— Nós não temos muito tempo. Precisamos diminuir a velocidade, para o Salatiel conseguir criar as botas de poeira.
— Botas de poeira? — Bruno perguntou. — Pra quê?
— Você vai entender. Diminuam, mas com cuidado.
Os cinco garotos reduziram a corrida, ficando mais próximos de Breno e, consequentemente, da aranha gigante, que ainda gania ameaças de pura ira.
— Eu vou triturá-los até não aguentarem mais! — ela gritava. — Juro que os darei para as minhas filhinhas se alimentarem!
Arrepios tomavam os seis garotos por inteiro, e Yago torceu para o plano dar certo. Olhou para Salatiel, que estava quase ao seu lado, e o viu se concentrar. Eslei, que estava logo atrás, também concentrava Energia Interna, com o rosto encharcado por suor e uma expressão de adrenalina. Yago podia enxergar melhor o fim do túnel, um buraco que dava visão para um céu completamente roxo. Estavam próximos.
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Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AventuraLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...