— Já estamos andando por quanto tempo? — A voz de Ryan ecoou pela escuridão.
— Por horas — respondeu Ferdinando, exausto como seus amigos, sentindo-se cada vez mais sem esperanças. Os quatro andavam em fila, com Ryan à frente iluminando o caminho, mas também apontando a lanterna para ambos os lados feito o refletor de um farol portuário, para se certificarem de que não apareceria inimigos.
A única coisa que avistavam, no entanto, era ossos velhos amontoados por toda parte, e nem todos eram ossos humanos, o que era um péssimo presságio.
— Vocês ainda não me disseram quem são — Joe murmurou. Kelan, que estava atrás, cutucou Ferdinando.
— Ele ainda continua assim. Será que perdeu totalmente a memória?
— Hã, vamos torcer para ser uma amnésia passageira — Ferdinando disse, também preocupado. — Por enquanto, vamos nos preocupar em sair deste lugar. Ou nunca mais veremos Diogo e os outros.
***
Guga sentia cada membro de seu corpo trêmulo enquanto encarava o místico que havia acabado de derrubar a mulher aranha com uma rajada de chamas poderosas. Teve certeza que aquele seria o seu fim; que o místico os derrubaria e os deixaria morrer.
Mas foi surpreendido. O sujeito começou a puxar a corda, deixando Guga extremamente confuso. Quando todos já estavam na beira da montanha, a salvos, Guga quis perguntar por que aquele cara os salvou, mas Yago foi mais rápido:
— Obrigado por ter ajudado a gente. Mas... como soube que estávamos aqui?
— Acho que a pergunta certa — Bruno interveio — é: quem é você?
Guga notou um olhar suspeito da parte do garoto-coelho. Os demais apenas pareciam gratos, assim como Guga, embora não tivesse entendido por que um inimigo os salvara.
— O meu nome é Marcos — respondeu o sujeito, com expressão carrancuda. — Eu sou um místico dominador de chamas.
E membro da Eclipse do Caos, Guga pensou em denunciar, mas o olhar que recebeu de Marcos parecia de súplica. Era nítido que Marcos reconhecia Guga. Guga também tinha lembranças muito boas, especialmente se tratando de pessoas que o encurralaram.
Marcos quase acabou com o seu nariz, há alguns meses. No dia em que Guga recebeu aquela oferta indesejada; a oferta de tornar-se um capanga da Eclipse.
— Por que nos salvou? — Guga decidiu perguntar, atraindo o olhar de seus amigos.
Marcos nada respondeu. Yago tomou a frente e disse:
— Creio que devemos apenas agradecer, certo, galera?
Todos concordaram.
— Um místico que controla o fogo. — Eslei mostrou-se admirado. — Nós temos um amigo que também é bom com chamas, só que ele é um caçador. O Diogo.
Ao ouvir o nome Diogo, Marcos ligeiramente demonstrou certa apreensão. Somente Guga percebeu, por ainda estar analisando-o devido ao fato de desconfiar de seu aparecimento.
— De qualquer forma — disse Salatiel, olhando para baixo —, nos safamos de uma morte horrível. Valeu, meu chapa! O meu nome é Salatiel Gonçalves, caçador do Clã da Poeira.
Marcos apertou sua mão, depois apertou a mão dos demais, que lhe estenderam. Guga continuou o observando. Perguntava-se o que aquele cara fazia num lugar como aquele, embora a grande questão fosse: por que não os deixou morrer, visto que eram supostamente inimigos?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AdventureLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...