12. Pandora

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- Isso vai funcionar mesmo? – Natsuno perguntou.

Riku assentiu, ainda com a respiração ofegante. Era o único que estava sentado no gramado, exausto, ainda com dores colaterais.

- E se não der certo? Quer dizer, eu vou ficar com cara de idiota.

- Você tem cara de idiota – Kelan rolou os olhos. – Agora anda logo, pirralho!

- Antes que ele acorde – Raylla falou, preocupada. Olhava para Diogo lembrando-se de quando os dois conversaram, menos de duas semanas atrás. Diogo definitivamente estava diferente.

- Eu só não entendi por que tivemos que amarrá-lo com ferro ao invés de cordas – Joe disse pensativo, porque, de fato, Diogo tinha uma barra de ferro ao redor do corpo, entortada pelo grandalhão com a maior facilidade.

Foi Guga quem explicou:

- Porque ele poderia usar o fogo pra dar o fora, brother. O mais seguro era usar o ferro mesmo.

- Eu ainda não acho que isso vai dar certo – Natsuno murmurou. – Eu não a vejo há meses, então duvido que ela vá aparecer.

- Você está me fazendo perder tempo – Riku disse sombrio, completamente impaciente. – Termina logo com isso.

Natsuno suspirou, ainda de coração acelerado. Não achava que daria certo, mas se realmente desse... veria uma pessoa que queria ver fazia tempo. Sentia uma saudade inexplicável de Pandora, muito embora Pandora provavelmente nem soubesse disso. De uma forma ou de outra, Natsuno fechou os olhos e se concentrou. Riku dissera que era possível fazer contato por telepatia, ou seja, apenas pela força do pensamento. Como era um dos Condenados, Pandora tinha a missão de auxiliar jovens caçadores em qualquer tipo de missão. E como pertencia ao tal Mundo Espiritual, as chances de ouvir Natsuno eram gigantescas – a não ser que estivesse ocupada, ajudando outros caçadores.

Pandora?, Natsuno tentou, extremamente envergonhado. Mesmo de olhos fechados, sentia os olhos dos amigos pesando sobre si, carregando expectativa e esperança. Tudo dependia de Natsuno, aquele que mais vira Pandora do que todos presentes, ao lado de Riku e Diogo.

Natsuno sentia as bochechas quentes. E se Pandora o estivera observando o tempo todo? E se Pandora soubesse que ele sentia algo a mais por ela? E se Pandora?...

Decidiu tentar cessar os pensamentos sentimentais, coisa que foi extremamente difícil. Chamou mais uma vez:

Pandora?

Nada.

Natsuno começava a se sentir um tolo. Não estava funcionando. Riku devia estar errado.

- Vai tentando – disse Riku.

Pandora, por favor, nos ajude.

Se ela estava ouvindo ou não, Natsuno não fazia ideia. Achava que não. Queria que sim. Diogo dependia disso.

Pensou no amigo, na forma que ele havia mudado, na forma que tratou todos os seus amigos ao ponto de ameaçar até mesmo a Sophia.

Sophia...

Ela estava mesmo morta? Como ninguém percebeu que ela estava sendo substituída por um místico? E um místico da Eclipse do Caos!

Por algum motivo, Natsuno lembrou das vezes em que viu os dois juntos, Sophia e Diogo. Diogo, por muito tempo, havia feito de tudo para agradar uma Sophia que vivia com raiva por conta de alguns acontecimentos que atrapalhavam​ o relacionamento dos dois. Acontecimentos que tinham a ver com a vida de caçador de Diogo, o que o impossibilitava de revelar qualquer tipo de verdade para a garota. O primeiro encontro deles, por exemplo, havia sido interrompido por causa de uma armadilha feita por vampiros.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora