34. Suicídio

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O pânico que Priscila deixava transparecer enquanto margeava o curso de água de volta para os dois amigos começava a deixar os três garotos desesperados.

— Por que você não disse isso antes? — Ela perguntou para um constrangido Eslei. A garota apressava os passos de modo que agora quase corria, tropeçando nos rochedos e tendo que se equilibrar para não cair de cara na água; a névoa cinza não estava ajudando em nada.

— É uma lenda, não é? — Foi a resposta de Eslei, como se quisesse convencer ou tranquilizar a si mesmo. — Quer dizer, vamos torcer para que seja.

— Se não for — disse Bruno, que corria logo atrás ao lado do aturdido Joe —, tanto o Diogo quanto o Natsuno correm sérios riscos de vida.


***

Tony estava acabado e com ferimentos por todo o corpo. Os ninjas não tinham nenhum tipo de piedade durante seus ataques. Mas o que mais irritava era a minha inutilidade, pois eu estava sendo imobilizado por um mero ninja incapaz de tentar qualquer coisa que pudesse ajudar o meu pai, que resistia bravamente.

Houve um momento em que meus três primos (Ivan, Dmítri e Aleksandr) tentaram impedir o bando com palavras. Glen, todavia, enfureceu-se de tal forma que ordenou que seus capangas os envolvessem na pancadaria também. Os ninjas, embora tivessem mostrado certa apreensão com as palavras do trio, obedeceram, e a cena continuou até o maldito assassino finalmente dizer:

— Chegou a sua hora, meu sobrinho.

Ele andou na minha direção a passos lentos e com sua catana erguida. A essa altura, meu pai jazia imóvel no chão, cheio de cortes pelo corpo e praticamente coberto por sangue.

Glen tinha olhos pretos e cruéis grudados em mim.

— Desgraçado! — gritei para um dos ninjas que me imobilizavam, após o maldito distorcer meu braço quebrado mais um pouco, depois que tentei uma fuga.

— Fica tranquilo, a sua dor logo vai passar — disse Glen. — Digo isso porque você vai morrer!

Quando um dos ninjas gritou que as ordens eram outra, Glen lhe ordenou que ficasse calado.

Por mais que não quisesse admitir, era incrível a semelhança que havia entre Glen e eu. Ficou claro quando ele ficou frente a um Diogo enfurecido e, ao mesmo tempo, desesperado.

Gritei para os malditos me soltarem, e a resposta deles foi me causar ainda mais dor. Tony murmurou um "Filho..." quase inaudível e Glen sorriu.

No momento em que ele direcionou a espada afiada na minha direção, o corpo do meu pai brilhou em laranja e ele se levantou feito um vulto. De repente, já estava entre eu e o assassino, a espada atravessando-lhe o peito e inerte a um centímetro da minha testa.

O meu eu abriu os olhos e ficou pálido, incrédulo, de olhos arregalados. Glen também mostrou-se levemente surpreso, sobressaltando com a aparição repentina de meu pai, que disse:

— Diogo. Proteja... a sua mãe.

— Pai, não!

Tony me olhou por cima do ombro e abriu um pequeno sorriso.

— Eu te amo, filho. — Então seu corpo debruçou-se para frente, sem vida. Glen Vinográdov puxou sua espada e meu pai caiu no gramado com um baque surdo.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora