- CAPÍTULO FINAL -
Há tempos eu não via minha casa tão animada, na verdade a última vez foi no dia do meu aniversário de dezesseis anos, e uma grande porcentagem dessa agitação se fazia em virtude de dois elementos em específico: Billy, que latia sem parar, e Tomás, que corria por toda parte. Pois é, mesmo com seus sete meses de vida incompletos, o pestinha já aprendera a correr.
Tio Michael dizia a todo momento que ele seria um prodígio, considerando que só comecei a andar depois de um ano. Minha mãe já não aguentava tanta bagunça na sala, salva por Karen e dona Rose, ajudantes fiéis da limpeza.
Única coisa que vira-e-mexe cortava o clima leve que se estabelecia entre eu e meus amigos era quando tocávamos nos nomes do Bruno ou do Guga, dois pertencentes da Eclipse do Caos. Zoe chorou muito quando recebeu a notícia que o garoto-invisível ajudara Shin e Mendonza a fugir. Kai também ficou bastante abatido com tudo isso, mas tentamos ao máximo não mexer na ferida.
— Eu teria o matado se não tivesse sido parada — comentou Raylla certo dia, referindo-se a Mendonza. — Meu Deus, eu não sou uma assassina...
— Não, Raylla, você não é — tentei tranquilizá-la. — Mas... não é fácil. Fica em paz.
— Eu vou tentar.
Eu a entendia totalmente, aliás, Mendonza havia matado os seus pais. Mas precisava confessar que o poder oculto da garota era uma coisa assustadora, assemelhando-se, talvez, ao meu Modo Lendário.
Quanto ao incêndio no hangar, no dia seguinte foi parar nos noticiários e os responsáveis pelo aeródromo acabaram sendo presos por irregularidades sérias, vide uma aeronave que contrabandeava mercadorias ilegais. Fizemos um favor imenso para a polícia, segundo tenente Francisco. Não que essa fosse a verdadeira intenção.
Ah, importante mencionar que ninguém ficou internado desta vez. Joe teve uns ferimentos por conta das garras de Bruno e queimadura feia nos braços graças às rajadas oculares de Mendonza, mas Sophia resolveu o problema de maneira fácil com seus poderes de cura, o que me fez lembrar de uma coisa.
— Você tem certeza, Diogo? — perguntou Hebert do outro lado da linha.
— Tenho que fazer isso — falei. — É uma dívida minha com eles.
— Bom, você que sabe.
Passei três dias seguidos viajando com um dos agentes da organização Ko-Ketsu como acompanhante, já que viajar sozinho era arriscado e Hebert tinha outros assuntos a resolver. O primeiro destino foi a Vila Turcán, onde habitava o clã Domingues, cuja localização ficava ao norte de Tsurichan, mesmo país que abrigava Firen. Hebert obviamente enviara um aviso prévio ao Clã dos Químicos sobre minha visita, ou então daria merda. Reencontrei Glauco Moura e seu parceiro Luciano Domingues no templo central da vila e pedi perdão pelo roubo do Livro dos Experimentos Proibidos. Glauco também pediu desculpas pelo ocorrido no parque ecológico de Honorário e disse ter julgado mal a situação. A líder do clã Domingues, uma mulher pálida e de cabelos curtos, lamentou pelo roubo, porém estava ciente de quem eram os verdadeiros culpados. Antes que eu fosse embora, quando já estava na saída da vila, Glauco me chamou:
— Não sei se já te disseram isso, mas você se parece muito com o seu pai.
— É o que ouço sempre — falei.
— E essa sua atitude salvou o pacto entre nossas tribos. Nossa líder estava determinada a quebrar qualquer tipo de aliança entre a tribo Coluña e a tribo Fubukio, pois simplesmente nos contaram uma história e mais nada, mas sua redenção foi extremamente importante por demonstrar que ainda significamos algo nessa aliança.
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Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AdventureLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...