37. Em direção ao castelo de Orgulho

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Descobrimos que a quentura se concentrava somente na floresta só depois que chegamos no vão entre ela e a base da cordilheira. Despertei nos ombros do meu amigo Joe, ainda na floresta, distante o suficiente para que Gula não nos alcançasse — supondo, claro, que ela demorasse a se regenerar.

— Uou! Nunca fui muito fã do frio não, mas até que estou curtindo essa brisa gelada batendo no meu rosto — comentara Ferdinando ao ultrapassarmos as últimas árvores e nos vermos livres de troncos e galhos secos. Embora ainda cansados, meus amigos pareciam muito melhores que uma hora atrás, quando foram pegos pelo calor da última floresta. Entretanto, quem não estava muito feliz era eu.

— Aqui é mais gelado do que imaginei — falei um pouco trêmulo. A temperatura mudara de forma drástica. Em vez do calor, um frio congelante vinha do amontoado de montanhas que se erguia diante de nós. Ventava forte, embora não houvesse nuvens no céu púrpura.

Pelo menos estávamos próximos do nosso objetivo final.

— Como estamos de mantimentos? — perguntei à galera responsável pelas últimas três mochilas.

— Frutas, ok — respondeu Breno, o garoto-urso.

— Temos muita água também — disse Ryan, conferindo com cuidado.

— Meus livros estão intactos — sorriu Eslei, orgulhoso.

— Livros no Reino dos Vampiros — ironizou Kelan, revirando os olhos. — Como se fôssemos ter tempo para ler.

Apreciei a bela paisagem à nossa frente. Uma espécie de ponte de pedra levava a uma subida íngreme de rochas que levava a um pico largo o suficiente para abrigar um castelo enorme que deixava o cenário ainda mais belo e assustador. Mesmo de longe, notei que não havia nenhuma escada como na Montanha Takamashi ou no Monte Zentaishi, o que nos obrigaria a escalar. Aquela era a maior montanha da cordilheira, repleta de árvores e fendas. Seria uma escalada complicada.

Um formigamento tomou parte do meu estômago. Talvez fosse os clareamentos causados pelos relâmpagos que estivessem me intimidando. Eu estava com um mal pressentimento.

— Vai dar tudo certo, maninho. — Natsuno pôs sua mão sobre meu ombro, e abriu um sorriso motivador. — Vamos resgatar a Sophia e dar o fora desse lugar.

Embora receoso, eu assenti. Faltava pouco para chegarmos até ela.

Priscila aproximou-se de uma placa de madeira e leu um texto que parecia ter sido escrito com sangue, porém numa linda grafia:

— Residência do vampiro mais charmoso e poderoso de todos. Não ultrapasse, a não ser que queira se tornar o banquete da noite. Orgulho. — A garota olhou para nós.

— Parece um sujeito bem orgulhoso — comentou Natsuno.

— O último vampiro demoníaco que precisaremos enfrentar — falei pensando na cabeça do vampiro que jazia cultivada no museu da organização Ko-Ketsu, muito provavelmente a cabeça de Ira. — Isso se precisarmos mesmo enfrentá-lo. Porque o nosso destino em si não é o castelo. Zoe disse que Sophia estava presa num calabouço.

— Mas não podemos nos esquecer — disse Guga — do que Preguiça falou, que a área central do Reino dos Vampiros é protegida por uma espécie de barreira. Ele disse que nada penetra este lugar, mas também comentou que houve um caso isolado. Ou seja, se os vampiros sentiram o que provavelmente foi o rastreamento da Zoe, não duvido que sentiram a nossa entrada também.

— Uma entrada que não foi muito silenciosa — adicionou Bruno, rindo feito um porco, só que ninguém o acompanhou.

— O Guga tem razão — disse Yago. — Tenho quase certeza que daremos de cara com esse tal de Orgulho. Eu só espero que ele seja de boa igual aos nossos amigos Avareza e Preguiça.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora