O insistente som do telefone ainda demorou um pouco para conseguir acordá-lo, mas quando acordou, Guga quase caiu da cama.
- Quem é a essa hora? – perguntou-se sonolento. O relógio de seu celular marcava exatamente seis da manhã.
Guga correu até o telefone ao lado de sua cama e atendeu:
- Alô?
- Guga? Sou eu, a Zoe.
Coração acelerou abruptamente. Um sorriso se formou em seu rosto. Guga sentiu as mãos trêmulas.
- Ainda está na linha? – Zoe estranhou.
- Zoe! Que saudade!!
- Pois é, viajei e esqueci os contatos em casa. Mas já estou de volta. – Zoe pareceu sorrir, Guga a conhecia bem.
- Que ótimo...
Um instante de silêncio predominou entre os dois, até Zoe quebrá-lo:
- Estou morrendo de saudade de todos vocês. Que tal nos encontrarmos no parque do meu bairro? Chama o pessoal. O Diogo e os outros...
Guga ficou desconfortável, pensando em Diogo, em sua obsessão por encontrar Sophia. Guga entendia que Zoe poderia ser a última chance de encontrá-la, mas sabia também que Zoe não gostava de ser tratada como um objeto de quebra-galho.
Concordou. Depois, conversou mais algum tempo com a amiga, decidindo que deixaria que os outros a contassem tudo o que aconteceu durante sua viajem, e depois desceu para tomar café, já que ainda era o primeiro dia de aula da semana.
- Parece que alguém está animado hoje – sua mãe logo percebeu, quando já estavam à mesa.
- A Zoe voltou de viagem – Guga deu a notícia, um pouco tímido. O pai deu-lhe umas palmadinhas nas costas.
- Aí sim, moleque. Deveria convidá-la para sair, já que gosta tanto dessa menina.
Guga considerou, embora não tivesse ideia de como o faria. De qualquer forma, estava extremamente feliz sabendo que reveria a garota pela qual sempre foi apaixonado. Chegara até a sonhar com ela.
- Seja um cavalheiro – sua mãe enfatizou.
- E leve bastante dinheiro – continuou o seu pai. – Se a Zoe for igual à sua mãe, vai precisar de uma boa grana para pagar a comida consumida.
A mulher fez cara de quem estava prestes a avançar contra o marido, enquanto pai e filho caiam na gargalhada.
***
Como Natsuno dissera, realmente fiquei alguns dias internado, recebendo visitas inclusive da minha mãe. E quando recebi alta, simplesmente não sabia mais o que fazer. Não tinha ideia de como encontraria a Sophia. Consequentemente, fiquei sem ânimo para quase nada.
Quanto ao Glauco e ao Luciano, Natsuno informou Hebert sobre o ocorrido. Aparentemente, Hebert não ficou nem um pouco feliz pela atitude dos dois camaradas, e disse que resolveria da forma que estava evitando há tempos. Isso me deixou um pouco preocupado.
A escola já estava um saco. Ouvir consolo dos professores todo santo dia piorava ainda mais as coisas. Ninguém – absolutamente ninguém – tinha esperanças de que a Sophia ainda estava viva. E mesmo que aqueles três caçadores tenham me oferecido informações sobre a garota, quem poderia confirmar que estavam mesmo falando a verdade? De repente, só queriam levar a minha espada embora.
Eu estava sem esperanças. Consequentemente, minhas notas caíram muito. Mas quem liga para os estudos quando sua vida está um verdadeiro caos? Eu sentia que uma depressão estava se aproximando de mim. E o pior era que tudo lembrava a Sophia. Para todo canto que eu ia, um dos nossos momentos passava pela minha cabeça. Aquilo estava acabando comigo.
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Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AvventuraLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...