Sophia estranhou o fato de encontrar uma casa totalmente trancada e silenciosa. Havia marcado com Sara e Diogo de passar o domingo juntos, e ajudaria a sogra a preparar os lanches, mas ao que tudo indicava, eles já haviam ido, deixando-a para trás.
Não, eles nunca fariam isso, não era o estilo deles. Será que aconteceu alguma coisa? Na melhor das hipóteses, Sophia imaginou que alguém deveria ter passado mal e ido às presas ao hospital. Teve a ideia de ir ao Hospital Independente, aquele situado perto da escola, cujo médico era membro de um Clã Especial, mas a garota decidiu apenas esperar por notícias.
Notícias que não vieram em nenhum momento pelo restante do dia.
***
No dia seguinte, Sophia fez questão de chegar cedo ao campus, e juntou-se aos amigos de Diogo, que logo estranharam seus olhares nervosos direcionados à avenida que Diogo sempre utilizava para chegar à escola.
- Sophia, o que há com você? – Natsuno arqueou uma sobrancelha.
- Nada. – Sophia não queria preocupá-lo.
- Está com fome? – Joe estranhou.
- Não – Sophia o encarou e só não riu porque estava preocupada demais.
- Preocupada com o Diogo – Kelan concluiu, revirando os olhos. – Vocês não cansam de ficar grudados não?
Sophia nada disse, apenas encarava a avenida e procurava por Diogo no meio dos alunos que vinham da mesma e atravessavam a rua para chegarem à praça do campus. Tudo mantinha-se bastante agitado, uma vez que o Fogo Ardente – time da sala dos garotos – disputaria mais uma partida pelo Campeonato Paulista Sub-17 durante a tarde, mas Sophia só pensava no namorado e na ausência de notícias num domingo que passariam juntos.
Até que ele apareceu. Sophia saltou do banco de pedra e o observou se aproximando, mas percebeu que Diogo estava mais sério do que costumava ficar. Andava com as mãos nos bolsos da calça, algo que dificilmente fazia – e só fazia quando estava mal humorado. Ele andava no meio dos alunos e, simplesmente, ignorou seus amigos, incluindo a ela.
- Por que ele fez isso? – Joe perguntou, o observando passar. Diogo encostou a uma árvore e ali permaneceu, aparentemente desinteressado no movimento eufórico de alunos à sua volta.
- Talvez porque tivemos um desentendimento na última caçada, na sexta – Kelan respondeu, um pouco impaciente. – Esse pirralho não passa de um arrogante!
- O Dio mudou muito desde a morte do Léo – disse Natsuno, talvez para defender o amigo, talvez apenas uma observação decepcionada; era difícil saber. Ainda assim, Sophia sabia que tinha algo a mais nisso tudo. Por mais que estivesse irritado, Diogo nunca havia a ignorado, e ela era incapaz de recordar de algo que fizera do sábado para cá.
A sineta soou, e todos começaram a entrar. Sophia sentiu-se tentada a acelerar os passos e perguntar ao namorado o que havia acontecido, mas Ana e Jéssica surgiram de algum lugar e a acompanharam durante o trajeto até a sala 16, no segundo andar. Mal elas sabiam que a mente de Sophia estava longe. Por algum motivo, ela sentia que algo ruim iria acontecer. Em outras palavras, Sophia estava com um mal – um péssimo – pressentimento.
Diogo sentou-se na última carteira de sua fileira, acenando sem tanta emoção para aqueles que lhe cumprimentavam. Todos perceberam que o garoto estava estranho, e alguns até chegaram a perguntar se aconteceu alguma coisa, mas Diogo apenas respondia que não estava muito de bom humor.
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Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO
AvventuraLivro 5 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Desde a antiguidade, o fogo é considerado o símbolo da força e do poder entre todos os seres vivos, ao mesmo tempo em que é temido como um elemento perigoso, traiçoeiro, que deixa rastros de destruição por onde pass...