46. Feroz e selvagem: o Caçador Lendário desperta!

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De onde estava vindo aquele rosnado? Um rosnado agressivo que parecia pertencer a um cachorro enfurecido soava bem ao meu ouvido.

Aterrissei bem ao lado do Natsuno. Vê-lo com aquele buraco no peito fez o ódio que eu sentia aumentar de maneira drástica, ao mesmo tempo em que meu coração afundava.

— Natsuno... — falei me abaixando para tentar reavivá-lo. Minha voz soou selvagem, como se um animal que apenas rosnava tentasse falar.

Natsuno não respondeu. Seus olhos mantinham-se abertos, mas ele não respirava. Ele precisava responder, precisava respirar.

— Natsuno! — gritei dando alguns tapas em seu rosto. — Natsuno!! NATSUNOOOO!!!!

Não tinha jeito. Não só o buraco no seu peito apontava, como também sua expressão inerte. Os olhos de Natsuno estavam vazios assim como os olhos do Léo na última vez em que o vi. Não havia mais alegria ou sarcasmo em seu rosto. Não havia mais nada.

Natsuno não estava mais entre nós.

Natsuno estava morto.

Abracei-o com um imenso sentimento de culpa.

Glen gargalhou, empurrando para frente um monte de pedras que estavam por cima de seu corpo. Ele havia sido enterrado pela parede que atingira. Ainda assim, o desgraçado continuava vivo. Seus Vampiros da Escuridão tornaram a parecerem estátuas inúteis. Era tudo culpa deles.

— Ficou triste, meu caro sobrinho? — debochou o maldito. — Parece que seus ferimentos desapareceram. Não sabia que o Caçador Lendário podia se curar. E essa aparência canina?

Eu não sabia do que ele estava falando; a única coisa que queria era fazê-lo sofrer, e da pior forma possível. Não conseguia acreditar. Por que logo o Natsuno?

No momento em que percebi que a quentura da minha pele começava a afetar o cadáver de Natsuno, soltei-o e fiquei de pé. Algo ou alguém rosnava. O terraço parecia estar sendo iluminado por brilhantes lâmpadas alaranjadas. Eu era a fonte de luz. Ou melhor dizendo, fogo começou a rodear o meu corpo sem que eu controlasse. Talvez fosse a dor no peito, ou a raiva, ou os dois juntos. A vontade era de me derramar em prantos pela morte do meu melhor amigo.

Estava sendo difícil suportar. Parecia que meu coração ansiava sair do peito! Estava quente. Glen gargalhava. A imagem de um Natsuno alegre se alternando para uma expressão vazia passava diante dos meus olhos sem cessar. Os Vampiros da Escuridão começaram a acompanhar seu líder na risada.

Ódio, muito ódio.

Dor, muita dor.

Vontade de explodir.

De onde vinha aquele rosnado? Quem estava gritando?

Olhei de relance para os garotos do esquadrão e ninguém parecia triste pela tragédia. Na verdade, tinham olhos assustados voltados na minha direção como se estivessem vendo uma aberração de perto.

Então percebi que era eu quem gritava. Gritava alto, tudo tremia, meu corpo queimava! Estava me transformando no Caçador Elementar? Não, era ainda mais quente e poderoso. Incontrolável. Selvagem. Assustador.

Por que estava tão calor?

Dei-me conta que ainda empunhava a Ko-Kyuketsuki, cujas linhas que conectavam o cabo à lâmina começaram a brilhar num tom laranja escuro. Era como se a espada fizesse parte do meu corpo e estivesse implorando para ser utilizada. Encarei cada vampiro com ódio. Eles pararam de gargalhar. Depois olhei para Glen, que já se recompunha e segurava sua catana com as duas mãos. Ele disse:

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora