05. A despedida de uma amiga

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Envolto em pensamentos atormentadores, eu refiz todo o caminho de volta para a minha casa, encontrando, na entrada da cidade e acompanhado de suas tigresas Úrsula e Raposa, o cocheiro bochechudo Fang Zhou, que logo estranhou a ausência do meu tio.

Expliquei tudo o que aconteceu, desde o nosso tour pelo palácio até o momento em que ele quase se matou. Embora tivesse pedido para que eu o deixasse morrer, eu obviamente não obedeci. Deixei tio Alfred aos cuidados dos médicos do clã, alguns parentes irritantes que se preocuparam mais em me fazer perguntas do que propriamente em atendê-lo. Felizmente, meu tio resistiu ao ferimento que, só não o matou, porque a adaga penetrou a poucos centímetros de seu coração – erro salvador causado pelo meu empurrão. Ainda assim, disseram que era melhor eu voltar para casa e contatar os meus outros tios do que ficar ali sem nada a acrescentar. Evidentemente, eles não pediram com gentileza, e tive que combater o impulso de ficar irritado e dizer que ninguém mandava em mim.

As duas horas de viagem entre a Cidade Kido e a Vila do Dragão foram as duas horas mais confusas da minha vida. Eu realmente era incapaz de entender o que havia acontecido no palácio, porque tudo estava ocorrendo normalmente, até o surto do meu tio. Os gêmeos Lien Sho e Lien Shu me conduziram até o portal da vila, situado no mini templo redondo, e voltei para Honorário de trem, dizendo a mim mesmo que não comentaria nada com a minha mãe.

- Como foi a visita, filho? – ela estava amamentando o Tom, sentada no sofá enquanto assistia à sua novela da tarde.

- Ótima – respondi correndo direto para a escada, pois precisava avisar aos meus tios sobre o incidente. Liguei para o tio Michael e expliquei toda a história, o deixando tão confuso quanto a mim, e ele garantiu que tentaria falar com o meu tio Arthur, que morava em Firen e era um dos generais da Base do Fogo Militar. Depois, após um banho relaxante que me aliviou fisicamente (somente fisicamente), decidi ir a um lugar que eu normalmente não ia, já que nenhuma das duas gostava tanto.

***

Sophia desferiu dois chutes com a mesma perna e depois tentou uma rasteira, tão veloz que soava até como uma garota assustadora. Não que a Zoe tenha deixado ser acertada; ela defendeu bem os dois chutes e saltou para trás com agilidade esquivando-se da rasteira. Contra-atacou, com golpes incrivelmente fortes que derrubariam qualquer caçador ou outro ser anormal. Seus olhos faiscavam enquanto ela o fazia, e mesmo assim Zoe mantinha-se calma e equilibrada, o que certamente não era o suficiente. Com expressão valente e convicta, Sophia desviou dos punhos da mística aproximando-se em um giro espetacular e chutou. Zoe se abaixou a tempo, mas Sophia continuou o giro e, com a mesma perna, desferiu uma rasteira, veloz e eficiente, sem chances para uma segunda esquiva ou uma defesa, acertando as pernas da Zoe e a derrubando no chão. Sophia poderia até desferir mais alguns ataques devido à desproteção da amiga, mas preferiu estender-lhe a mão para poder levantá-la.

- Gostei – disse Helen Kogori aproximando-se das duas, mas ela não parecia realmente satisfeita. – Vocês estão quase lá.

- Já podem começar a caçar vampiros, na minha opinião – eu falei também me aproximando, e o olhar que recebi das três mulheres quase me fez recuar para fora da quadra de basquete. – O que foi? Eu só vim... me despedir.

Helen suspirou.

- Quinze minutos – avisou. – Não gosto que meus treinos sejam interrompidos.

Eu queria perguntar se ela fazia mesmo parte do clã Kogori, uma vez que Hebert e Natsuno – e até mesmo a avó do Natsuno – eram muito mais descontraídos. Mas eu não estava a fim de arranjar encrenca.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora