15. O auxílio de dois amigos

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- Pronto, aqui está o que você pediu. Agora, a informação – eu falei, após tirar o pesado troféu de dentro da minha mochila.

O Padre continuou com os olhos estreitados sobre mim, e olhou para os meus amigos, sorrindo em seguida.

- Mais rápido do que eu imaginava – admitiu, com tom de ironia e aprovação. – E percebo que alguém decidiu lhe ajudar.

Thalia e Ferdinando nada disseram, apenas continuaram de prontidão para o caso de algum daqueles vampiros tentarem alguma coisa.

- A informação – eu repeti.

Os olhos do vampiro voltaram-se para o troféu de formato predial, com pedras azuis que adornavam o topo em forma de janelas, resultando numa bela e impressionante imagem.

O Padre sorriu.

- Antes, diga-me uma coisa: como você conseguiu roubá-lo? Não consigo crer que a organização cedeu este troféu para uma troca como essa. Fiquei bem curioso, agora.

As cenas das últimas vinte e quatro horas passaram pela minha mente feito um filme...

***

Após aceitar o trato oferecido pelo líder da Base, voltei para a ABTF – Antiga Base da Tribo Fubukyo – imerso em pensamentos e tentando criar estratégias, uma vez que nem Hebert tampouco Sandro aceitariam utilizar o troféu com pedras da Colina Rosan para um acordo com vampiros – sobretudo os vampiros da Base. Por mais que o motivo fosse para encontrar a Eclipse e, por consequência, fazê-los falar sobre a Sophia, arriscar um objeto de tamanho valor evidentemente passava longe de entrar em cogitação. Eles me chamariam de louco.

Tomei um banho gelado no banheiro do primeiro andar, tentando pensar num plano. Tentei imaginar onde o troféu poderia estar. A última vez em que o havia visto, tinha sido justamente no dia em que o recuperamos do Shin e do Mendonza, após vencermos a final do Torneio da Cidade contra os Hunters Silvers – um time constituído por caçadores da Tribo Minetsu.

Mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão.

Estaria na organização Ko-Ketsu, talvez dentro do museu? Ou estaria sob custódia do Conselho, no templo da montanha Takamashi?

Presumi que precisava arrancar informação de alguém que fazia parte da organização, pois foi a organização que apreendeu o troféu

Pensei em pedir a ajuda do Natsuno, que poderia dar um jeito de saber através do pai, mas só em imaginá-lo dizendo que não era uma boa ideia já me deixava irritado. O Yago, provavelmente, diria a mesma coisa, pois sabia da minha sede por busca à Sophia, e tinha consciência de que eu estava topando praticamente tudo.

Decidi, então, recorrer a uma pessoa que não via sempre e que, ao mesmo tempo, não estava tão distante.

E fiz isso logo cedo, na manhã do dia seguinte.

Avancei através das ruas quase desertas de Firen debaixo de um céu que ficava entre o azul-escuro e o laranja do amanhecer. A movimentação naquele horário era tão escassa que chegava a ser possível ouvir o som dos meus passos batendo contra o chão de cascalho. Fiquei próximo à entrada da Escola de Teoria e Práticas Sobrehumanas, situada no centro da pequena cidade, o único colégio da região, que não foi difícil de encontrar.

Ao contrário do que eu imaginava, o edifício não era tão diferente dos prédios escolares do Mundo Humano. Era rodeado por um extenso muro de tijolos de três metros de altura, com um portão enorme de ferro sobre quatro degraus que conectavam a entrada à estreita calçada. O edifício tinha cor clara e era repleto de janelas num estilo asiático; de vidro, porém de formato bastante tradicional. O telhado, por sua vez, era piramidal e gracioso, curvado para todos os lados e projetando beirais que, num dia de sol, protegiam as janelas do calor iminente.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora