57. Batalha no aeródromo 3 - Fogo contra fogo

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- PENÚLTIMO CAPÍTULO -


Kai já estava tendo dificuldades o suficiente para arrastar Raylla pelos pés para o hangar debaixo de chuva quando começou a ouvir o inconfundível grito do amigo Joe. Tentou não olhar para a confusão perto do avião e continuar seu objetivo, uma vez que aparentemente nenhum dos inimigos havia se importado com sua ausência, mas o grito do grandalhão só aumentava e Kai acabou cedendo.

Ao levantar os olhos, no entanto, sentiu o corpo gelar ao notar um cara de cabelos longos e rosto deformado correndo em sua direção com uma expressão de poucos amigos.

— O que eu faço? O que eu faço?!

Fez o possível para não olhar para Marcos, sentindo o desespero invadir cada membro de seu corpo. Deveria tentar acordar Raylla? Talvez ela pudesse usar sua telecinese.

Não, ela não acordaria tão fácil, uma vez que Kai a estava arrastando por minutos e ela sequer demonstrara algum tipo de reação.

Decidiu que enfrentaria sozinho o místico psicopata. Procuraria por algum objeto no hangar que pudesse servir de arma e não o deixaria tocar na amiga.

Kai estava decidido.

Chegou ao galpão e procurou por qualquer coisa que servisse de esconderijo, mas era apenas um lugar vazio que servia para guardar a aeronave. O som da chuva caindo sobre o telhado aumentava cada vez mais a tensão que Kai estava sentindo, e tudo piorou quando uma labareda passou raspando o seu rosto e atingiu uma das paredes de madeira do hangar.

— Pensou que não te notaríamos, seu nerd maldito?

Trêmulo, Kai se virou. Os olhos verdes de Marcos transpassavam uma sensação muito ruim.

— O q-que você... quer?

Marcos sorriu feito um demônio.

— Apenas me divertir um pouco antes de carbonizar você e seus óculos de fundo de garrafa. HÁ! — Marcos golpeou para frente e chamas emergiram de seu punho. Kai pensou que viriam ao seu encontro, mas o fogo o ultrapassou a atingiu outra parte da parede. — HÁÁ! — Agora, com as duas mãos, Marcos ateou fogo no restante do galpão de madeira. Kai então entendeu sua intenção.

— Você é louco...

Viu-se rodeado por chamas. Não conseguia mais ouvir o som da chuva batendo contra o telhado, apenas o crepitar das chamas.

— Louco? Só um pouquinho — disse Marcos com um divertimento maldoso. — Digamos que sou fanático por ver minhas vítimas sendo incendiadas.

A temperatura aumentava de maneira drástica e uma cortina de fumaça começava a se formar. Kai já sentia o suor escorrendo por seu corpo.

Marcos ria descontroladamente. As chamas se alastravam por todo o hangar, sem deixar qualquer tipo de trégua para fuga. Uma viga caiu não muito longe do nerd. Ainda assim, a preocupação de Kai estava sobre Raylla, cujo rosto começava a se contrair de angústia.

— Você vai nos matar! — gritou para Marcos, que começou a andar em sua direção. Kai correu para frente da amiga desacordada com uma valentia que nunca imaginou que tinha.

— Saia do meu caminho — avisou o místico. — É um conselho que te dou. Ou quer que ela morra queimada junto com você?

Kai não se mexeu. Embora apavorado, jamais deixaria que o inimigo levasse Raylla.

— Vai ter que p-passar por cima de... hã, mim.

Marcos sorriu.

— Eu pretendia deixá-lo no meio do fogo, mas já que você pediu...

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora