Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETO

29. Batalha contra Luxúrias

— Dio, por favor, cara — implorou Natsuno. — Não. Me. Solta!

Ele tornou a olhar para baixo e estremeceu. Os Esquilos Silvestres abocanhavam o vácuo abaixo de seus pés com ferocidade em saltos longos. Se fossem um pouco maiores, Natsuno certamente teria suas pernas dilaceradas.

— Estou tentando não soltar, Natsuno — falei com esforço, pois nossas mãos estavam suadas e, consequentemente, escorregavam aos poucos. — Só peço que fique quieto!

A propósito, Natsuno estava prestes a desabar de um pequeno penhasco. Eu estava de bruços no chão e tentando não largá-lo, o que poderia ser mais fácil não fosse as dores que sentia pelos braços depois de tantos arranhões.

Uma pedra servia como suporte para os meus pés, ou já estaríamos lá embaixo sendo a refeição dos pequenos esfomeados. Enquanto isso, Priscila e Raylla travavam uma batalha digna com a ameaçadora e indiscutivelmente perigosa Luxúria. Mas eu sabia que seria só questão de tempo até serem derrotadas, considerando que já estavam exaustas e Luxúria sequer mostrava-se abalável.

— Dio! — gritou Natsuno mais uma vez. — Tá escorregando!

Ele nem precisava dizer para eu perceber. Terror estampava o rosto do meu melhor amigo. Imaginei que ele não quisesse ser devorado pelos seres de dentes afiados.

— Porcaria — murmurei, no meu máximo.

Pensando que o problema seria as mãos escorregadias, acabei relaxando os pés devido ao limite de força com que os estava usando e os soltei da pedra de tão esgotado que estava. Então caímos em direção à morte.

— AAAHHHH!!! — Natsuno e eu berramos.

Agora explicarei como chegamos a tal situação. Basicamente, foi por alguns descuidos em batalha. Pelo menos uma coisa eu acabei aprendendo: nunca subestime as mulheres.

De qualquer forma, estava começando a me sentir restaurado antes de Luxúria aparecer. Restaurado porque, horas atrás, havia ativado o Modo Elementar para enfrentar sozinho os Lobos Sombrios, filhos do vampiro demoníaco Avareza. Para você entender melhor, quando a transformação some, o corpo é tomado por dores colaterais catastróficas que praticamente nos impedem de efetivar uma nova, e o meu objetivo enquanto caminhava com meus amigos pela floresta era recuperar toda a minha Energia Interna para me transformar novamente e encontrar o restante do esquadrão, que havia se separado havia algumas horas.

Mas fomos surpreendidos por Luxúria, uma mulher que logo revelou sua verdadeira aparência demoníaca e nos atacou com verdadeiras garras afiadas. Parecia um animal felino de tão ferozes que eram seus movimentos. Mas isso não era o pior.

Assim que aplicou golpes com as unhas largas e pontudas, encarando-nos com uma espécie de maldade com seus olhos cor-de-sangue e com um sorriso repleto de presas afiadas, Luxúria de repente tornou-se quatro, e cada uma atacou um de nós.

Eu saltei para trás desferindo meus punhos de fogo com a mão direita, já que a esquerda segurava a Takohyusei:

— Punhos de fogo!

Só que as bolas de fogo passaram longe de acertá-la. Luxúria desviou feito uma ginasta e reduziu os poucos metros que havia entre nós a centímetros. Nossos narizes quase se encostaram. Mergulhei no vermelho vivo de seus olhos assassinos e fui tomado por uma sensação horripilante quando senti sua respiração próxima ao meu rosto.

Por instinto, dei mais um salto para trás e toquei os pés no tronco de uma árvore. Utilizei o superimpulso para esquivar para o lado e contemplei as garras da vampira partindo o tronco ao meio.