32. Esquadrão reunido novamente

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O que está acontecendo aqui? — perguntou Kelan.

— O que você pensa que está fazendo?! — gritei para Guga.

— Você pretendia matá-lo! — Guga trincou os dentes.

— Ele é um assassino da Eclipse do Caos! — argumentei.

— Mas não é assim que resolvemos as coisas!

— Não? E como é?

Guga deu um passo na minha direção, zangado, embora eu não soubesse exatamente o motivo.

— De qualquer outra forma, menos matando! Ele é um místico igual a mim, que apenas tem uma visão diferente da sua, um ser humano como eu e você!

Tive que dar risada para não explodir de tanto que queria gritar com aquele idiota. Apontei para Billy, que continuava o choro de dor.

— Está vendo isso? Ele queimou o rosto do Billy!

Guga, ao notar os danos na pelugem do cachorro vermelho, finalmente se conteve. Seus olhos rancorosos agora não pareciam tão irritados. Guga havia se comovido com a situação de Billy.

Marcos se levantou, com a respiração acelerada, coberto por suor. Seu ataque anterior havia iniciado um incêndio naquela região da floresta; uma densa fumaça negra subia ao céu de cor púrpura.

Guga virou o rosto para o místico, como alguém que está decepcionado. Ocorreu-me que a energia familiar que eu sentira e que estava acompanhando Yago e os outros era a energia de Marcos, o que significava que...

— Por que você fez isso? — Guga indagou para o místico.

Em vez de responder à pergunta, Marcos fez sua jogada:

— É a esse tipo de líder que você segue? Que diz lutar pelo certo mas, na primeira oportunidade, tenta matar um inimigo? — Seus olhos verdes recaíram sobre mim com um ar provocador. — Um líder que sequer consegue segurar suas emoções? E olha que ele é o...

Parou, fazendo meu sangue gelar. Por um segundo, imaginei que completaria a frase de uma forma que eu temia. Entrementes, Marcos aproveitou que Guga agora me olhava e fugiu. Até tentei segui-lo, mas meu corpo parecia paralisado de dor, especialmente o meu braço direito.

Um silêncio pairou sobre a clareira. Guga estava imóvel feito uma estátua. Fiz minha Takohyusei voltar a ser anel e, com dificuldades, o coloquei no dedo anelar da outra mão, sentindo dor apenas com o toque do metal no dedo. Billy ainda resmungava de sofrimento. O cheiro de queimado gerado pelo incêndio expandia a cada segundo. Kelan quebrou a quietude:

— Eu perdi alguma coisa?

Passos de pessoas correndo puderam ser ouvidos por todos os lados. De súbito, a clareira estava cheia de adolescentes — ou armados com espadas, ou transformados parcialmente em animais. Era as duas partes do esquadrão, que surgiram de dois rumos diferentes.

— Diogo! — exclamou Yago, com expressão nitidamente aliviada.

— O que houve aqui? — estranhou Ryan.

— Vimos uma fumaça... — explicou Priscila, recolhendo as correntes para dentro de suas mangas. — Imaginamos que algo estivesse acontecendo.

Os únicos que não estavam presentes era o Joe e o Ferdinando que, segundo o Natsuno, haviam ficado cuidando de Bob. No mais, os outros não paravam de fazer perguntas, enquanto Kelan tirava um kit de primeiros socorros para cuidar de Billy, que havia deixado o Modo Ataque e agora só murmurava de dor de vez em quando.

Caçador Herdeiro (5) - Fogo Traiçoeiro | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora