Guardiões - Descendentes. Vol 2.

V - Completos.

Minha mente estava uma bagunça, minhas lembranças eram um caos total. Era como se meu cérebro tivesse sido passado em um liquidificador na potência máxima. Forcei os olhos a abrirem e foi como tentar levantar uma tonelada com o dedo mindinho.

Com um pouco mais de esforço do que o necessário os abri encontrando um cômodo banhado pela penumbra. Definitivamente não estava mais na minha barraca. Apoiei os braços no colchão para dá impulso e assim conseguir levantar, mas antes que fizesse isso uma mão empurrou-me gentilmente de volta. Reclinei a cabeça para o lado direito para ver quem estava comigo naquele quarto. Melissa me encarava, seus olhos verdes estavam cheios de preocupação.

- Mel... – Minha voz não passava de um sussurro rouco quase inaudível. – Onde... – Pigarreei. – Estou?

- No nosso quarto na casa do tio Orion. – Fechei os olhos e tentei lembrar o que aconteceu. Apenas flashes surgiam. – Como se sente?

- Exausta. Como se tivesse passado dias correndo sem rumo. – Abri os olhos voltando a olhar para Melissa. Começava a ter uma pequena ideia do que havia acontecido. – Perdi o controle não é? – Minha amiga cerrou os lábios apreensiva. Recusando-se a responder. – Mel... – Ela apenas maneou a cabeça positivamente. Suspirei pesadamente e olhei para o lado opostos evitando ver as feições preocupadas da morena. – Desculpe, estraguei tudo. Por minha culpa você é Chris terão que esperar mais um ano para terem os colares... Sinto muito. – As primeiras lágrimas recorreram pelos cantos dos meus olhos e caíram sobre o travesseiro.

- Não importa! – A voz dela era baixa e decidida. – O que adiantaria termos conseguido vencer aquele desafio estúpido se houvesse acontecido algo com você? – A olhei meio impressionada. Era a primeira vez que a ouvia falar assim. – Nós somos uma família Charlie e sua saúde é mais importante.

- Você bem que poderia deixar que eu me auto flagelasse.

- Sem chance priminha. – Mel sorriu de lado. Revirei os olhos sabendo que ela contra argumentaria todas as vezes que eu replicasse.

- Certo. Você venceu. – Enxuguei as lágrimas com as costas das mãos. - Onde está meu irmão? – Estava estranhando não vê-lo aqui.

- Tio Orion o arrastou daqui, pouco antes de você acordar. – A morena riu baixo. – Christian estava quase dormindo em pé e estava decidido a continuar aqui do seu lado até que acordasse; mas o caçador sabe com ser persuasivo. Ele puxou Chris pelas as orelhas.

- É... Sabe mesmo... – Minha risada forçada não deve tê-la enganado. - Eu... Machuquei muito tio Orion? – Engoli em seco temendo a resposta.

- Nada que ele já não esteja perfeitamente recuperado.

- Menos mal. – Fiquei um pouco mais aliviada. Agora só teria que esperar pela bronca.

Ficamos as duas caladas por um tempo indeterminado, quando batidas suaves na porta quebrou o silêncio. Era o caçador trazendo uma bandeja com uma tigela funda em seu centro. Mel me ajudou a sentar, ajeitou os travesseiros em minhas costas dando apoio para em seguida o guardião platinado colocar a bandeja em meu colo.

- Tio, esse troço era para feder como as meias suadas do meu irmão? – Fiz careta ao ter o olfato inundado por aquele aroma nada apetitoso.

- O gosto é melhor que o cheiro. – O sorriso dele não me tranquilizou nada. – Tome tudo, vai ajudar a se recuperar. – O caçador foi para a porta. – Se ela se recusar a tomar, tem minha autorização para empurrar goela abaixo senhorita Turner. – Ele simplesmente saiu parecendo muito satisfeito.

- Você não faria isso com sua prima preferida, não é? Esse negócio fede. – Olhei com desgosto para a sopa esverdeada.

- Se é para você melhorar... Então seja uma boa menina e coma, não quero ter que ser persuasiva. – Fiz beicinho, sabendo que minha amiga estava falando sério. Mel tem uma variação peculiar do dom do pai que consegue manipular mentes se chegar perto suficiente. Melissa só precisa se concentrar um pouco e pedir, sua voz se torna tão doce e atrativa que fica impossível negar o que ela pede.