IV - Encurralando o caçador.

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Depois que montamos as barracas e fizemos o jantar de bom grado enrosquei-me em meu saco de dormir e apaguei instantaneamente fazendo jus ao sangue de guardião que corre em minhas veias. Estava satisfeita desfrutando do sono dos justos quando som de vozes vindo do lado de fora da barraca me fez acordar. Resmungando escondi-me ainda mais dentro do saco de dormir torcendo para que não lembrassem de minha existência e me deixassem dormir em paz. Não me movi ao ouvir a entrada de minha barraca ser aberta. Permaneci imóvel e com a respiração regular, torcendo que o invasor fosse embora e me deixasse dormir mais um pouco.

Não conseguia sentir a aura de meu visitante inoportuno, o que me fez deduzir que era um dos gêmeos, porque Tio Orion não entraria na barraca. Ele me arrastaria pelos pés para o lado de fora. Talvez possa zoar meus queridos e amáveis primos postiços. Sorrateiramente coloquei a mão direita debaixo de meu travesseiro alcançando o cabo de minha faca de caça. Ao alcançá-la fechei a mão em seu cabo e esperei. Quando o invasor tocou meu ombro com a mão livre peguei o braço dele e o puxei o fazendo cair do meu lado. Virei e subi em cima dele colocando a ponta da faca em sua garganta. Tudo isso não durou mais que pouco segundos, tempo suficiente para perceber o erro que havia cometido.

- Muito bem senhorita Turner. Parece que realmente presta atenção ao que ensino. - Os olhos do caçador causaram calafrios. - Agora pode sair de cima de mim...

- Mas o quê que está havendo... - A voz de Charlotte ecoou dentro da pequena barraca. A loira havia colocado a cabeça para dentro do pequeno espaço e agora me encarava com um pequeno sorriso no rosto. - Eu avisei que acordar uma garota de seu sono de beleza era perigoso.

-D-desculpe tio Orion. - Saí de cima dele roxa de vergonha.

-Tudo bem Mel. - Ele massageou a garganta. - Se arrume vamos partir em meia hora. - O vi sair da barraca.

- Estou orgulhosa Melzinha. Queria ter tido essa ideia. - Charlie riu e também se foi.

Muito bem Melissa. Isso é que é começar o dia com o pé direito, agora vou passar o resto do dia esperando por uma represália. Resignada peguei minha mochila no canto e de lá tirei uma calça camuflada, uma regata branca e uma jaqueta com as mesmas estampas da calça. Pelo que percebi iríamos usar o mesmo modelito durante os dias que ficarmos por aqui. Ao sair da barraca encontrei Charlotte e Christian sentados em volta da fogueira, cada um segurava uma bela caneca de porcelana. O cheiro doce que invadiu meu olfato não deixou dúvida. Era chocolate quente.

Sentei entre Charlie e Chris. Não demorou para o caçador colocar uma caneca com o líquido espesso e fumegante em minhas mãos. Beberiquei contente vendo os cubinhos brancos de marshemelow boiando sobre o chocolate quente.

- Então? O que vamos fazer nesse mercado das fadas? - Chris bocejou.

- Vão aprender outra valiosa lição de como ser um guardião. Hoje aprenderão como conseguir informações.

- Uuuuuuh. Muito interessante. - Charlie revirou os olhos. - Poderíamos pular para a parte do desafio seria bem menos perca de tempo.

- Não. Não podemos, todo aprendizado é valioso. Essas cabecinhas ocas precisam ser cheias de coisas úteis. - O caçador tocou a testas da loira com o indicador. - Admiro sua impetuosidade Charlie, mas as vezes é preciso ter um pouco de paciência. Caso contrário vai acabar entrando em uma encrenca tão grande que não conseguirá sair sozinha.

- Ora tio Orion. É para isso que tenho Chris e Mel. - Charlotte deu um de seus sorrisos malandros.

- Mereço. - O guardião platinado revirou os olhos. - Terminem de comer, desmontem as barracas e se preparem para partir. - Ele saiu do modo tio legal e entrou no modo mandão.

Guardiões - Descendentes. Vol 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora