Estava despedaçada em níveis diferentes. Em poucos dias meu mundo ruiu como um Castelo de cartas, descobri que o garoto que amo pode ser meu irmão. A dor da descoberta pulsa em meu peito como uma ferida aberta. O pior de tudo é que não conseguia parar de amá-lo e não era amor de irmão. Pensei que aquela dor que me rasgava ao meio seria a pior coisa que poderia me acontecer, mas estava mais do que enganada.
Os cavaleiros estavam em nosso círculo de amizade... Pior, minha melhor amiga, a garota que cresci junto, dividi meus segredos, que considerava uma irmã. Era o quarto cavaleiro... Algo mudou nela, Charlotte mudou de lado e temia que teria que enfrentá-la em breve. Isso já seria o suficiente para me fazer deitar em posição fetal e chorar, mas faltava a cereja do bolo.
Meu pai tinha outra filha, começava a temer que outros irmãos aparecessem. Não que não queria outros irmãos desde que não queiram matar meu pai. Minha mãe não aguentou o choque da notícia, uma entidade adormecida dentro dela aproveitou para sair. Agora minha mãe estava possuída. Deseja que tudo isso não passasse de um pesadelo bizarro, mas era minha realidade. Realidade essa que não poderia fugir, mesmo que todo meu ser chamasse para desistir e deixar a dor vencer.
Havia implicações demais em minhas escolhas. Não poderia deixar minha família agora, eles precisavam de mim. Teria que levantar a cabeça, engolir o choro e fingir que estava tudo bem, que a ferida aberta em meu peito não estava lá e não doía como uma queimadura levada com sal. Eu era uma guardiã, meus desejos pessoas não se aplicavam nesse momento. Só poderia sonhar que algum dia no futuro poderia simplesmente descansar... o pós vida não me parecia assim tão ruim agora.
- Mel! Cuidado! - A advertência de Aly trouxe-me de volta do mundo de meus devaneios bem a tempo. Um diabete que estava dependurado no ventilador de teto saltou sobre mim. Dei um passo para o lado e girei a espada cortando a criatura ao meio.
- Valeu Aly. - Respirei aliviada.
- Não foi nada Mel. Já olhamos todos os lugares não tem mais ninguém no prédio.
- Ótimo. Fizemos um bom trabalho. - Ergui a mão para que ela batesse a dela. Alysson aceitou o comprimento sorrindo minimamente. Assim como eu, ela estava se esforçando para não para não desmoronar. - Não foi culpa sua. - Tomei a liberdade de entrelaçar nosso dedos e olhei dentro dos olhos dela. - Safira, Aaron e Pollux só tinham um objetivo que era nos manipular para conseguir o que queriam.
- Mas... Ele parecia sincero... Não deveria doer tanto. Parece que quando estou finalmente me reerguendo a vida me dá outra rasteira.
- Os tombos fazem parte. Nós é que escolhemos se ficamos no chão ou se levantamos e continuamos a luta. Não vou conseguir sozinha... - Minha garganta fechou com o choro que tentava conter.
- Não vai estar. Não vou ficar choramingando, quero ajudar de verdade. Vou começar levando os treinos a sério. Quero ser uma guerreira como você... E Charlie.
- Você já é uma guerreira Aly. Tenho orgulho de ser sua amiga. - A abracei. Era mais que um abraço, era uma forma de passar força e confiança uma para outra. - Quero que faça uma coisa por mim. - Pedi ainda a abraçando.
- Pode pedir.
- Saia e nos espera lá fora.
- Mas... - Ela afastou-se.
- Por favor Aly, não quero lidar com a dor se você se machucar. Não posso garantir que vou conseguir te proteger. Fique segura, poderá lutar outro dia.
- Tudo bem... Só fique bem, por favor.
- Farei meu melhor.
Tomamos rumos diferentes, Aly correu para uma das saídas do prédio e eu segui a aura da entidade que estava usando o corpo de minha mãe. Cheguei em um dos pátios onde uma pilha escombros amontoava-se no piso. Sentia a aura da bruxa em a cima de onde estava, olhei para o teto encontrando um buraco de tamanho mediano por onde alo ou alguém caiu. Poderia passar por ali facilmente, economizaria tempo cortando caminho. Embainhei minha espada saltei tomando impulso e bati as asas planando o suficiente para passar pela abertura.
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Guardiões - Descendentes. Vol 2.
FantastikNesse novo capítulo da história de guardiões teremos nossos quatro protagonistas se aventurando no mar tortuoso que é a paternidade e ainda terão que lidar com os perigos que os cercam enquanto tentam manter a terra segura.