LXVII - Dia estranho.

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Quando entrei no carro com Charlie Soube que algo muito sério havia acontecido. A loira me cumprimentou de maneira vaga, ela segurava o volante com tanta força que tinha medo de que o arrancasse fora.

- Chal's... Está tudo bem? – Ela inclinou a cabeça para o lado olhando para mim, seus olhos azuis pareciam duas pedras frias, totalmente diferente do costumeiro bom humor travesso. Engoli em seco esperando pela resposta mal criada.

- Não é nada bolinho. – Ela respirou fundo, presumi que estivesse retomando o controle.

- Não acredito. – Poderia está ficando louca por estar fazendo aquilo, mas não podia simplesmente ignorar o fato de que uma das pessoas que mais me ajudaram está passando por algum problema. Era hora de retribuir. – Não precisa parecer durona, pode conversar comigo... Se quiser.

- Isso foi... Fofo Aly. – A guardiã tocou meu nariz com o indicador fazendo-me corar e ela rir baixo. Vermelha como um pimentão desviei olhar. – Fica assim não amiga... Obrigada por se preocupar. – O tom manso dela me deu coragem para olhar novamente para ela. Charlie continuava com a expressão contrariada, mas o olhar assustador havia desaparecido. Agora ela não parecia mais uma predadora fria, somente muito chateada.

- Tem certeza? – Insisti.

- Sim. – A guardiã assentiu. – Não esquenta, ok?

- E eu tenho escolha? – Suspirei consternada.

- Não mesmo. – Ela sorriu ladina. Charlotte Clark era impossível, sabia que ela contra argumentaria rechaçando cada tentativa minha de tentar descobrir o que estava a incomodando. Não teria escolha a não ser esperar que ela queira falar.

Assim que o veículo parou na vaga de sempre avistei Aaron, ele estava no portão e pude jurar ter visto um sorriso ao ver o carro.

- O boy está te esperando. – A constatação de minha amiga não poderia ser menos maliciosa; mas não podia negar que vê-lo ali me deixava feliz e com um pequena sensação borbulhante no estomago. – Tá esperando o que? Vai logo falar com ele.

- Sei que quer se livrar de mim, mas poderia ser um pouco mais discreta. – Estreitei os olhos para disfarçar a euforia crescente. Um garoto, legal, inteligente, engraçado e muito lindo está interessado em mim. Parece mais que vim parar em um universo paralelo.

- Deixa de show e vai logo. – A loira apontou para fora; se não fosse pelo sorriso que ela segurava íris jurar que estava mesmo me expulsando.

Saltei para fora do carro e coloquei a mochila no ombro, respirei fundo e fui ao encontro dele. Conforme a distância era reduzida meu coração saltava dentro do peito, minhas mãos estavam escorregadias de suor, começava a achar que estava tendo algum tipo de ataque de ansiedade. Se não fosse pelo aparelho regulador, tinha plena certeza que já teria perdido controle e estaria ouvindo as conversas da sala dos professores.

- Buen dia Mami. – O sorriso ladino dele não ajudava nada em meu atual estado.

- Buen dia. – Engoli uma risada, era engraçado o sotaque desajeitado dele.

- Está tão ruim assim?

- Não... Imagina. – Pigarreei.

- Sei. – Ele fez um bico engaçado e não pude mais segurar a risada. – Ai, ai onde foi parar minha moral? Minha namorada não me respeita. – A cara cínica dele era digna de um ator profissional.

- Namorada? Onde? – Fingi olhar em volta.

- Engraçadinha. – O garoto segurou minha cintura trazendo-me para mais junto de si e tocou minha testa com a sua. Engoli em seco perdendo-me nos olhos negros como a noite – Quer ser minha namorada. – Ele sussurrou com a boca perigosamente perto da minha, seu hálito quente misturou-se com minha respira entrecortada.

Guardiões - Descendentes. Vol 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora