XXVI - Promessas.

254 34 241
                                    

No fundo sabia que mais cedo ou mais tarde Alysson apresentaria algum efeito colateral depois de receber sangue de Christian, mesmo que em uma pequena quantidade. Agora precisaríamos saber o quão grande são ou serão as mudanças e em como ajudá-la a por elas. Enquanto íamos para a cozinha passamos pela sala encontrando os gêmeos olhando fixamente um para o outro.

- Isso é perturbador. Nunca sei se estão tendo uma conversa civilizada ou se estão prestes a pular no pescoço um do outro. – Interrompi a conversa mental dos dois.

- Só estávamos tendo uma conversa de irmãos, mamãe. – Charlie cruzou os braços descontente com algo. Seja lá o que eles estão tramando, minha filha não está contente.

- Mãe, pai. Posso ir ver Ally? Ela precisa saber o que está acontecendo e já que sou o responsável... Achei que poderia ser eu a contar. – Christian suplicou. Meu menino estava angustiado e meu coração de mãe se contraiu ao vê-lo assim.

- Ah controvérsias maninho. – Charlotte revirou os olhos. – Foi um dia longo e uma noite perturbadora. Alysson precisa descansar e colocar os pensamentos em ordem e você indo lá perturbá-la agora só vai dá mais uma questão para ela se preocupar.

- Não seria pior deixa-la na dúvida? – Chris rebateu.

- Conheço coisas bem piores maninho e uma resposta a menos não é uma delas. E só estou pendido para esperar até amanhã. Qual a dificuldade?

- Eu preciso vê-la Charlotte! – Christian levantou nervoso. Troquei um olhar com Sky, meu guardião havia chegado a mesma conclusão que eu. Nosso menino está crescendo.

- Ah é?! Porque não vai ver Safira e deixa Alysson descansar?! – Charlie seguiu o exemplo do irmão. Os dois encaravam-se irredutíveis.

- Ok, já chega vocês dois. – Interrompi a discussão antes que as coisas ficassem fora de controle e tivéssemos que separar uma briga.

- Os dois tem razão, mas precisam respeitar a opinião um do outro. – Sky encarou os dois. Chris abaixou a cabeça enquanto a gêmea cruzou os braços e lhe virou as costas. – Eu e a mãe de vocês vamos preparar algo para Alysson comer, Chris você terá esse tempo para conversar com Aly. Depois disso é cama, para os dois. Estamos entendidos?

- Mas papai. – Charlie tinha uma grande dificuldade em seguir ordens e as vezes era preciso lembra-la quem é que manda.

- Estamos entendidos? – Enfatizei deixando claro que a conversa havia acabado.

Enquanto Chris subiu para ir ver a amiga e resolver o que tinha que resolver, segui com Sky para a cozinha com uma Charlotte emburrada em nosso encalço. Fui para a geladeira a procura de ingredientes para fazer um ensopado enquanto Sky mexia nos armários procurando por uma panela e utensílios. Por fim levei o necessário para a bancada.

- A cebola é sua meu querido. – Fiz a leguminosa deslizar pela bancada até chegar em meu guardião.

- Sininho, cebola me faz chorar. - Ele me lançou um olhar digno de filhote abandonado.

- Eu sei, a mim também. – Sorri inocente dando a maior atenção possível a batata em minha mão.

- Cebolas, porque me fazem chorar? – O guardião fungou teatralmente.

- Céus! Como resmunga. – Ri baixo. Cozinhar era uma das coisas que amava fazer com ele, nunca me cansava de aprender a fazer pratos novos e a história por trás de cada coisa que preparávamos. Meu riso foi cortado por um longo suspiro entediado. Charlie estava sentada a mesa observando cada movimento que eu e o pai dela fazíamos. – Chal's minha flor. Você está abatida. – Abatida era pouco. Minha filha estava ligeiramente pálida e olheiras sutis começavam a aparecer.

Guardiões - Descendentes. Vol 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora