XLII - Contando historias.

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Após a captura do Kelpie voltei para casa com minha mãe, meu pai foi ajudar tio Sky achar uma abertura na realidade para um mundo onde pudessem esconder a égua. Quando deitei em minha cama já passava das três da manhã, eu estava caindo de sono e arrependida de não ter ficado debaixo de minhas cobertas já que não fiz nada para capturar o espirito do lago desgarrado. O pior de tudo foi que mal voltei a dormir, meu despertador berrou na mesinha de cabeceira anunciando que já era hora de levantar e ir para a escola.

Choraminguei morta de sono, tinha certeza de que dormiria durante a aula, e foi contrariando meu senso de responsabilidade que desliguei o despertador, virei para o lado e voltei a dormir. Ainda não totalmente adormecida ouvi meus pais entrarem no quarto, provavelmente estranhou eu não ter decido para tomar café. O mal de ser guardiã é que mesmo não totalmente desperta meus sentidos continuavam em alerta, era como dormir com um olho aberto e outro fechado. Era eficaz, mas também bastante irritante.

- Ela está dormindo, o que faremos? – Mamãe sussurrou.

- Deixe-a dormir. Deve estar exausta por causa da noite passada, vai levar um pouco mais de tempo para se recuperar. Mais algumas horas de sono vão fazer bem.

- Tudo bem, vou ligar para Mady e pedir para avisar para Charlie que Melissa vai ficar em casa hoje. – A última coisa que ouvi antes de mergulhar em um sono profundo foi a porta do meu quarto se fechando quando meus pais saíram.

Meu sono foi totalmente sem sonhos, era como se tivesse sido desligada da tomada. Vagarosamente voltei a consciência, semiconsciente senti um toque gelado e úmido em meu nariz. Um som semelhante ao de um motor muito perto de mim obrigou-me a abrir os olhos e encontrar Zafir em sua forma felina encarando-me perto demais, o focinho quase encostado em meu nariz. Adivinhei a origem do toque gelado e úmido.

- O que está fazendo aqui? – Murmurei ouvindo os passos de meus pais e o murmúrio das conversas deles no andar de baixo. Zafir sentou-se na beirada da cama e transformou-se.

- Fiquei preocupado quando fui vê-la a escola e você não estava lá. Tive medo que algo tivesse acontecido. – As pupilas verticais dilataram-se um pouco e seus olhos castanhos esverdeados brilharam cheios de preocupação.

- Awm. - Estaria mentindo se dissesse que não achei aquilo bonitinho. Saí de debaixo do cobertor e sentei-me ao lado dele. – Tivemos uma emergência na madrugada. – Procurei por sua mão e repousei a minha sobre ela. – E acabamos voltando muito tarde, não estava em condições em ir para a escola.

- Entendi. – O werecat entrelaçou nossos dedos. – Ocorreu tudo bem? – Assenti bocejando ainda sobe efeito dos últimos resquícios de sono. – Sendo assim fico aliviado. – Zafir beijou minha bochecha. Suspirei contente e enrubescida. – O que era a ameaça da vez?

- Uma fêmea de Kelpie.

- Um Kelpie aqui em Los Angeles? Tá aí uma coisa que não se vê todo dia.

- Pois é, temos mais um mistério em mãos. Parece que para cada passo que avançamos mais longe ficamos de chegar ao fim disso tudo. – Murmurei sentindo-me inútil diante do que estávamos enfrentando.

- Lembra do que eu te disse a respeito de deixar as respostas virem até você?

- Lembro e estou cansada de esperar, estou frustrada Zafir. – Bufei enfatizando minha frustração.

- Ok, ok. Já entendi e que tal se saíssemos um pouco para distrair um pouco as ideias? – Pode ser uma boa ideia, mas antes preciso fazer uma coisa.

- Fechado, vai ter que esperar um pouco.

- O tempo que for preciso habibit.

Saí do quarto deixando o garoto werecat em meu quarto, não sabia se ele era maluco o bastante para permanecer ali e correr o risco de ser encontrado por meu pai. De qualquer maneira tinha certeza que Zafir sabia se virar e eu precisava manter o foco para o que eu iria fazer em instantes. Ao chegar na cozinha encontrei minha mãe guardando compras no armário, ao ouvir minha aproximação virou-se.

Guardiões - Descendentes. Vol 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora