Naquela mesma noite depois que o cavaleiro negro deixou Charlotte em casa, retornou para a sua. Ele estava tomado por uma satisfação que mal cabia em si mesmo, o guardião de armadura totalmente negra ria-se contente com seus feitos da noite. Tudo corria como o planejado e nada o alegrava mais do que isso, odiava não ter o controle de tudo. Fora criado para ser um líder, mandar e ser obedecido, treinado para planejar cada mínimo detalhe, antecipar o que cada ação provocaria, no entanto algo em seu grandioso plano não saiu como esperado.
O cavaleiro capaz de trazer a morte instantânea afeiçoou-se a seu alvo, como ele poderia ter imaginado que a garota que ele deveria capturar era tão... Parecida consigo mesmo? Ele via nos olhos dela as mesmas dúvidas que vi em si quando as responsabilidades foram colocadas em seus ombros. Via também a mesma determinação, Charlotte Clark mesmo que não percebesse era como ela. Teimosa, manipuladora, uma mentirosa quase patológica. Sarcástica, dona de um humor tão ácido quanto o de seu companheiro de armas o cavaleiro branco. Não podia esquecer da boquinha inteligente que ficava louco para beijar toda vez que lhe dava uma resposta mal criada, aquela garota era imprevisível até para ele, era complicado prever as ações dela; mas também era divertido. Ela o fazia chegar ao limite, quando Charlie deixasse tudo para trás e abraçasse sua verdadeira natureza, se tornaria uma guerreira formidável e ele mal podia esperar por isso.
No entanto naquele momento precisava contar aos pais como fora o plano e principalmente que a vingança de sua mãe precisaria esperar mais um pouco. Ele podia até antecipar o que a meio guardiã diria. Morte pousou no jardim bem cuidado de sua residência em Bel Air, tocou seu peito onde deveria estar seu colar se desfazendo de sua armadura. Colocou as mãos nos bolsos e caminhou despreocupado para a porta da frente.
- Mãe, pai. Estou de volta. – Ele anunciou sua chegada, a poção que ele bebia para disfarçar sua aura depois que se desfazia da armadura ainda duraria algumas horas.
- Chegou bem na hora querido, acabei de colocar o jantar na mesa. – Uma mulher de estatura mediana, pele com de café com leite, cabelos fartos e encaracolados veio ao encontro do rapaz entusiasmado.
- Maravilha. – Ele estava faminto sem sombra de dúvidas.
Seu pai já se encontrava a mesa servindo-se da apetitosa lasanha, os olhos purpuras do homem seguiram o filho, não passou despercebido pelo casal o contentamento do rapaz.
- Vejo que as coisas saíram como planejava.
- Acrab! Deixe o menino comer primeiro. – A mulher reprendeu o marido.
- Foi apenas uma constatação querida. – O ex conselheiro dei de ombros nem um pouco arrependido.
- Sim, saiu como planejado. Charlotte já nutria uma certa desconfiança em ralação ao Concelho de Guardia, depois de hoje eles não tem mais nenhuma credibilidade. – O cavaleiro entregou o prato de louça grega para que a mãe o servisse. – O próximo passo é fazê-la duvidar da família e então tudo estará pronto para que assuma seu lugar de direito. É como dizem: Os gentis e sinceros são os mais fáceis de quebrar.
- Excelente. – Acrab mal disfarçava o quanto as notícias trazidas pelos filho o agradavam. Ele havia esperando pacientemente para ter o que lhe foi tirado de volta, no entanto conhecia sua cria muito bem para saber que havia mais alguma coisa a ser dita. – Tem mais alguma coisa que queira nos contar?
- Hum... – O cavaleiro negro fingiu não ter percebido insinuativo do pai e dissimuladamente cortou uma fatia da lasanha a boca e mastigou sem pressa. – Bom. Tem, darei uma trégua na vingança.
- O que! – A mãe o encarou indignada não acreditando no que ouvia. – Esqueceu o que passei por causa daquele cretino? Você prometeu que me vingaria.
- Se me deixar explicar ficarei grato. – O cavaleiro não se abalou com o rompante da mulher a sua frente. – Charlotte ama aquele crápula, ela por pouco não me empalou com a espada dela por causa dele, tive que fazer isso.
- Ela te ameaçou é? – Acrab achou graça imaginando a cena. O guardião renegado nutria a esperança de conseguir com a filha o que não conseguiu com a mãe, fazer o mesmo que fez com seu filho caçula, a transformaria na arma perfeita. Não cometeria o mesmo erro que cometeu com seu primogênito, aquele covarde desertor.
- Ameaçou. – Morte revirou os olhos diante do sorriso escarnecedor do pai. – Tenha só um pouco de paciência mãe, só mais um pouco e tudo estará acabado.
- Confio em você meu pequeno deus. Sei que não vai nos decepcionar. – A guardiã acalmou-se e lançou um olhar terno para o filho.
- Ainda assim, acho esse seu plano arriscado. Está se envolvendo demais com a garota, vai acabar gostando dela, se já não estiver.
- Qual o problema pai? Admita que meu plano é melhor que seu. Era perigoso demais deixar tudo nas mãos daqueles fanáticos e como te avisei eles quase colocaram tudo a perder, sequestrar ela e o irmão foi outra coisa precipitada. Eles nunca fariam o que nós queremos. Do meu jeito terei não só o que falta para que recuperarei seus poderes, terei Charlotte para mim e juntos colocaremos ordem no caos.
***
Olha só quem resolveu dá as caras, o cavaleiro negro :3 Quantas revelações em? kkkkkkkkk Acrab está mais perto do que nossos herois imaginam e continua maluquinho como antes, mas agora tem reforço. O lado vilanesco dessa historia está confiante de que irão conseguir concretizar seus planos, será mesmo? Será que o cavaleiro conseguirá mesmo corromper nossa Charlotte? Para essas e outras perguntas não percam as emoções finais de descentes o/ Espero que tenham gostado do capitulo \o/
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Guardiões - Descendentes. Vol 2.
FantasyNesse novo capítulo da história de guardiões teremos nossos quatro protagonistas se aventurando no mar tortuoso que é a paternidade e ainda terão que lidar com os perigos que os cercam enquanto tentam manter a terra segura.