Aquela sem dúvida foi a pior noite de sono que já tive desde que Edward me salvou daquele bordel. Todas as vezes que fechava os olhos via minha filha sendo torturada. Sentia-me inútil e a sensação crescente de as coisas ficariam ainda pior sufocava-me e ainda havia aquele sentimento de vingança queimando em meu peito me fazendo pensar em maneiras de fazer aquele cavaleiro sofrer. Não me reconhecia naquele momento, parecia que era outra coisa articulando aqueles pensamentos sombrios. Senti um frio na espinha e estremeci com aquela ideia.
Edward sentindo minha agitação puxou-me para ainda mais junto dele, fazendo com que eu deitasse em seu peito. Os braços dele enlaçaram-me enquanto minha cabeça descansou em seu peito nu, sei cheiro familiar trouxe-me paz e o som de seus batimentos cardíacos tranquilos fez minhas pálpebras pesarem. Não tinha ideia que horas era, mas com toda certeza era bastante tarde.
A segurança dos braços do meu guardião me fez dormir profundamente e mergulhar em uma espiral de sonhos desconexos e sem nenhum sentindo com uma mulher sem rosto que chamava-me com as mãos estendidas. Mesmo que estivesse curiosa e tentada a descobrir quem ela era minhas pernas não se moviam. Quando a mulher misteriosa resolveu vir até mim fui sugada de volta para a consciência. Meu quarto estava banhado pela luz, Edward não estava mais na cama. Com toda certeza foi a ausência dele que me acordou.
Espreguicei-me sentindo os efeitos da noite mal dormida sobre mim, bocejei e espiei que horas eram. O relógio digital na mesinha de cabeceira marcava oito da manhã, sentei-me na cama e cocei os olhos pesados. Estava cansada e não era pouco, o engraçado que Edward não era o responsável. Ri desse pensamento e obriguei-me a levantar, tirei a camisola e segui para o banheiro, parei para dá uma olhada em minha aparência e minhas olheiras dariam inveja em qualquer guaxinim. Abri o compartimento o compartimento atrás do espelho onde colocamos as escovas. Ao fechá-lo e ver novamente meu reflexo abafei um grito. Minhas íris estavam tingidas de vermelho, a cor intensa parecia estar queimando.
- Calma Lizie é só o efeito da noite mal dormida. – Fechei os olhos e respirei profundamente e voltei a abri-los. Meus olhos estavam castanhos novamente. – Estou pirando. - Aprecei-me e escovei os dentes para em seguida entrar no boxe onde regulei a água do chuveiro de quente para gelada e deixei os pingos frios caírem sobre mim e levarem os resquícios de sono embora.
Tiritando de frio saí do boxe e aprecei-me em escovar os dentes, processo que foi cômico porque meus dentes batiam por causa do frio. Acho que exagerei, era para água estar fria não ártica. Praticamente corri para meu closet e me vesti em tempo recorde, minha pele estava arrepiada e meus músculos trêmulos. Mas nada que um café bem quente não resolva, saí do quarto esperançosa de que meu guardião tivesse preparado seu delicioso café que segundo ele aprendeu a fazer quando vivia em Veneza. Encontrei Ed parado em frente ao quarto de nossa filha espiando por uma brecha oferecida pela porta entreaberta.
- Que audácia. – Ele sussurrou. Andei nas pontas do pés e espiei por cima do ombro dele.
- O que tá espiando anjo?
- Céus Lizie! – Ele pulou de susto. Uni os lábios em uma linha fina diante da indignação dele.
- Não tenho culpa se você está enferrujado e não me ouviu chegando.
- Não estou enferrujado ok? – O guardião estreitou os olhos fazendo um pequeno bico tentador.
- Claro, estava era espiando e foi pego com a boca na botija.
- Exatamente. – Ele assentiu. A criatura nem nega, minha nossa. – Veja com seus próprios olhos a audácia desse werecat. – Ele saiu da frente da porta, curiosa resolvi olhar. A brecha não revelava muita coisa, só era possível ver nossa filha dormindo profundamente e uma gato gigante dormido ao lado dela.
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Guardiões - Descendentes. Vol 2.
FantasyNesse novo capítulo da história de guardiões teremos nossos quatro protagonistas se aventurando no mar tortuoso que é a paternidade e ainda terão que lidar com os perigos que os cercam enquanto tentam manter a terra segura.