Capítulo um

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Sob a luz baixa, um clima frio de ar condicionado e um perfume que invade meus pulmões, fico fitando os grandes olhos negros com aquela expressão de cachorro pidão. Ele sabe que eu não consigo negar nada para ele assim, está jogando baixo. Desvio o olhar, respiro fundo e tento me afastar para colocar meus pensamentos em ordem. Me sento na beirada da grande cama King Size com lençóis brancos. Tudo no quarto tem o cheiro dele, é impressionante. Deixo seu perfume invadir os meus pulmões. Se concentra, Pedro! Ele continua em silêncio, está esperando uma resposta minha, mas não sei o que dizer.

– Henri... – Respiro mais uma vez. – Eu não sei se é uma boa ideia isso agora.

Fecho os olhos quando sinto a sua presença se aproximando bem devagar, como um leão perseguindo sua presa. Ele joga uma perna de cada lado do meu corpo, sentando atrás de mim, e vai chegando lentamente para frente, até que se encaixa por trás. Os pêlos dos meus braços se arrepiam ao sentir o toque da sua pele quente. Ele passa uma mão pela minha barriga e a outra por cima do meu ombro direito e me abraça bem devagar. Em seguida, coloca seus lábios bem junto da minha orelha esquerda e sussurra.

– Por quê? – Meu coração dispara e meu corpo começa a responder suas provocações.

– Acho que ainda é muito cedo. – Engulo em seco.

– Do que você tem medo, Pedro? – Sua voz ainda é um sussurro. – Me diz.

Não consigo manter meus pensamentos em ordem. Só sei que não queria dizer sim para o seu convite. Não queria morar junto com ele agora. Tenho medo de que ele enjoe de mim, de que não consigamos conviver como um casal, juntos todos os dias. E se ele enjoar de mim cedo? E se ele descobrir que tudo só não passou de uma aventura e que já é hora de deixar isso pra lá? E se ele quebrar meu coração?

– De te perder. – Digo num sussurro.

– Você sabe que isso não vai acontecer. – Ele responde no meu ouvido e me dá um beijo no pescoço.

– E se você enjoar de me ter por perto todos os dias? – Minha voz sai rouca.

– Eu não vou enjoar, eu prometo. – Ele aperta seus braços, me puxando para ele.

Seu peito é tão quente e tão confortável. Estou muito mal acostumado com a presença de um homem tão completo quanto Henri. O que era para me deixar feliz, acaba me deixando cada vez mais inseguro. Henri é tudo o que qualquer mulher – ou homem – gostaria de ter ao seu lado. Por outro lado, eu...

– Mas você tem que prometer que não vai enjoar de mim também. – Ele diz no meu ouvido.

– Eu não vou, Henri, prometo.

– Então está tudo certo. – Ele me dá outro beijo no pescoço e eu dobro o pescoço ainda mais por reflexo, dando uma brecha para ele continuar.

Ele me beija uma, duas, três vezes, depois seus beijos se transformam em pequenas mordidas. Ele passa de um lado do pescoço e vai para o outro. Quando percebo estou entregue aos seus beijos. Não consigo me controlar quanto estou perto dele...

De repente percebo o que ele está fazendo e tento me desvencilhar. Ele está me comprando com seus beijos e carícias. Isso deveria ser uma conversa séria! Henri me segura forte contra seu peito largo e me aperta cada vez mais.

– Henri... – começo.

– Por favor, Pedro. – Ele sussurra. – Vem morar comigo. Prometo que serei um bom parceiro. Não vai pra casa daquele cara. Fica comigo.

Me viro para ele e ficamos de frente um para o outro. Olho bem nos seus olhos e penso por um momento na minha última resposta. Meu tempo acabou, preciso entregar o apartamento e tenho que tomar uma decisão. Ralph voltou a reforçar que eu posso ficar na casa dele quanto tempo eu precisar. Henri tem passado todos esses dias me dando apoio, me ajudando de todas as formas possíveis, me animando, me fazendo companhia. Me mimando. E eu confesso que quanto mais tempo eu passo com ele mais eu quero passar.

Seus olhos não desgrudam dos meus e eu começo a considerar sua proposta. Por mais que eu tenha medo, eu não aceitei namorar Henri por impulso. Eu o amo e gostaria muito de passar a minha vida com ele. Em algum momento nós teríamos que morar juntos, eu só não estava esperando que fosse assim tão cedo. Mas esta é uma prova que teremos que passar juntos. Nos conhecer melhor, aprender a conviver em dupla, nos apoiar, nos fazer melhorar todos os dias...

– Tudo bem, Piloto! Você venceu! – Digo, derrotado, porém feliz.

– Obrigado! – Ele se aproxima e me beija devagar. Depois se afasta e fica com o rosto próximo do meu.

– Não esquece da sua promessa. – Bato minha testa levemente na dele.

– Não vou esquecer. – Ele diz sorrindo.

Ele me abraça e me joga para o seu lado da cama. Quando vejo ele já está em cima de mim, abaixando devagar para me beijar profundamente. Seu beijo tem um gosto fresco. Seus lábios são quentes, assim como todo o seu corpo.

– Eu te amo tanto, Pedro. – Ele diz ao se afastar e olhar para mim.

Sinto meu rosto ficar quente. Henri sempre me diz isso, mas às vezes eu sinto como se fosse uma brincadeira ou uma cantada. Sei lá, me sinto muito lisonjeado.

– Você me faz muito feliz. – Ele completa, deitando ao meu lado, me puxando para o seu peito nu.

– Eu também te amo. – Me aninho nele, passando minhas pernas pelas suas.

Ficamos ali sem dizer nada. Aos poucos eu começo a cair no sono, escutando o ritmo da sua respiração tranquila. Quem diria! Eu vou morar o cara por quem eu me apaixonei. E pensar que há alguns anos eu jamais pensaria que minha vida seguiria por esse caminho. Mas seja o que Deus quiser!

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora