Capítulo cinquenta e cinco

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Estou sem forças. Uma dor toma conta do meu peito. Estou com muito frio e minha cabeça dói. Com muito custo consigo abrir os olhos. Demora um pouco até que eu me acostume com a claridade. Não escuto nada direito, está tudo tão confuso. Uma imagem começa a se formar na minha frente. É ele... Henri.Ele está chorando. Não chore, Henri.Seus olhos são tão bonitos, mas ficam feios quando você chora.Eu te proíbo de chorar perto de mim, Piloto.Tento sorrir com a palavra Piloto, mas precisaria de muita força para mover os músculos do rosto. Sua boca está se mexendo, ele está falando alguma coisa.

– Não consigo te entender. – Tento dizer, mas meus lábios não se mexem.

Seu rosto está vermelho, assim como seus olhos. Alguém coloca uma coisa cheia de luz dentro dos meus olhos e não consigo enxergar mais nada, minha visão demora a voltar. Agora consigo sentir um movimento embaixo de mim, parece que estou sendo carregado. Mas para onde? Eu nem me lembro como vim parar aqui. Não tenho ideia de onde estou.

– Fica comigo! – Consigo entender o que ele diz, mesmo sua voz estando tão longe.

– Mas eu estou aqui. – Tento responder, sem sucesso. Minha voz se recusa a sair.

Tem alguma coisa na minha boca, me impedindo de falar. Está me incomodando muito. Minha garganta começa a doer. Tento levantar um braço para tirar o que quer que seja essa coisa, mas ele não se move.

– Não consigo falar com isso enfiado na minha goela! – Tento gritar, não sai nada.

Desisto de tentar falar alguma coisa. Um sentimento ruim toma conta de mim. Não tenho controle dos meu movimentos, não consigo sequer virar a cabeça, que aliás está doendo muito. Mal consigo concentrar em um único pensamento. As imagens que passam diante dos meus olhos são borradas e sem sentido. Algumas vezes o rosto de Henri surge e parece falar alguma coisa, mas não consigo escutar nem consigo ler seus lábios. Um cansaço pesa sobre meu peito e me sinto cada vez mais fraco. Pisco o olho devagar e acabo apagando.

Acordo em um lugar tranquilo, já não há mais movimento abaixo de mim. Nem um monte de imagens passando pela minha visão. Onde eu estou? Henri... Queria ver Henri. Tento abrir a boca para falar, mas aquela coisa ainda está dentro da minha garganta e qualquer tentativa me dá vontade de vomitar. Acho que estou em um hospital, mas não lembro como vim parar aqui. Fecho os olhos para tentar me lembrar e algumas imagens começam a surgir na minha mente. A parada, as pessoas, Carla, O Personal. Ele atirou em mim. Não, ele atirou em Henri, mas eu não podia deixar ele matar Henri, então ele me acertou. Acho que estou morrendo.

– Eu não quero morrer. – Tento falar, mas não sai nada.

Meus olhos estão pesados. Henri reaparece e começa a discutir com alguém. Duas pessoas chegam e o seguram. Eles começam a brigar. Uma delas é o David. Ele está brigando com o David?! Eles ficam discutindo, tentando tirar ele do caminho, mas ele não sai da frente. David começa a ficar nervoso. O que você está fazendo, Piloto? O David nunca fica bravo e você está conseguindo realizar essa proeza.Henri é cabeça dura, mas é legal, deve estar discutindo por uma boa causa. Fecho os olhos. Estou cansado de ficar assistindo, quero dormir. Alguma coisa balança meus ombros e eu volto a abrir os olhos com dificuldade.

– Fica acordado, Pedro! – Henri está olhando para mim. – Não dorme!

– Mas eu estou tão cansado. – Tento responder, sem sucesso.

– Eles vão te levar agora, eu não posso entrar. – Ele me dá um beijo no rosto. – Vou te esperar aqui fora. Eu te amo, Pedro. Não me deixa!

Fico observando a imagem de Henri ficar para trás, enquanto me empurram para dentro de uma sala. Eu sei que ele me pediu para não dormir, mas estou muito cansado. Queria ter respondido para ele que eu o amo mais que tudo nessa vida, mas não consegui. Eu queria ter gritado com todas as minhas forças para todo mundo ouvir: Henri eu te amo! E talvez essa tenha sido a minha última oportunidade.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora