Capítulo trinta e seis

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Carla organizou uma loucura durante a semana e eu não pensei duas vezes em fazer parte. Ela combinou com os alunos que conhecemos no shopping, Suzi e eu de fazermos um mini flash mobem uma festa numa boate e Ipanema. No começo eu achei loucura, mas depois me empolguei. As pessoas vão ficar muito surpresas e será muito satisfatório para nosso grupo de dança. Chamei Henri para ir nessa festa e ele aceitou de primeira, afinal de contas poderíamos ficar juntos publicamente porque o ambiente é LGBT. Isso me deixou extremamente feliz, vou poder ficar com o meu namorado em público e mostrar pra todo mundo que ele é meu. Você não vale nada, P.O!– Meu cérebro me cutuca de leve.

Me arrumei de um jeito bem casual, usando bermuda jeans e camisa de algodão e Henri fez o mesmo. Marcamos de encontrar os demais participantes lá no lugar. Estou de ótimo humor e muito mais leve depois que Ralph colocou os seguranças na minha cola. Eles não são completamente invisíveis, mas na maior parte do tempo não percebo suas presenças. Só mesmo quando saio de casa – como estamos fazendo agora – e vejo um carro preto estacionado estrategicamente perto do meu prédio. Assim que o carro de Henri passa, eles saem com o carro preto e começam a nos seguir.

– Esses seguranças seus já estão me dando nos nervos. – Henri diz. – Mesmo se for aquele cara da boate eu dou conta dele sozinho, como da outra vez.

– A gente não sabe do que ele é capaz, Henri.

– Ele não é de nada, Pedro.

– Você sabe que pode ter sido ele quem explodiu o barco.

– Não... não acredito. O laudo ainda não saiu, mas não acredito que tenha sido ele.

Ficamos calados por alguns segundos.

– Relaxa. Vai ser só por alguns dias. – Digo por fim.

– Eu sei, mas me deixa nervoso. – Ele me olha. – E se eu quiser te levar pra um motel? – Ele levanta uma sobrancelha. – Será que vão querer entrar com a gente?

– Você quer me levar pro motel, Piloto? – Tento mudar de assunto, fazendo cara de safado.

– Querer eu quero toda hora. – Ele sorri. Deu certo meu plano. – Mas você não colabora.

– Tá achando que eu aguento isso tudo – digo apontando para ele – toda hora?!

Ele dá um sorriso safado.

– Fala que você não gosta? – Diz, olhando para frente. Fico vermelho.

– Claro que eu gosto! – Mas tenho que me recuperar depois.

– Quando a gente se casar, vou querer fazer todos os dias.

– A gente já é praticamente casados, Henri. – Dou de ombros, olhando a paisagem lá fora. – A gente mora juntos, dorme juntos, acorda juntos... quer mais casado do que isso?

– É verdade! – Ele ri, olhando para frente. – Só falta uma coisa...

– O quê? – Olho para ele.

– Nada, depois te conto. Chegamos.

O lugar é em uma rua escura cheia de árvores e com casas e prédios por perto. Ao que parece deve ter portas acústicas porque não consigo escutar nada do lado de fora. Henri estaciona na primeira vaga que vê. Do lado de fora já consigo ver Carla em um vestido curto preto e uma mulher de cabelos negros e longos de short jeans e camisa vermelha, Suzi!

– As meninas já chegaram! – Digo, retirando o cinto de segurança.

– Com essa empolgação toda, só falta sair correndo e esquecer de mim!

– E você acha que eu vou deixar você aqui sozinho nesse lugar? – Levanto uma sobrancelha. – Jamais!

– Isso mesmo! – Ele se aproxima e me beija. – Cuida do seu macho.

– Seu bobo! – Dou um tapinha nele, abro a porta e saio.

Dou a volta no carro e encontro Henri do outro lado, que estende a mão e não penso duas vezes em segurá-la. Ai meu Deus é tão emocionante esse negócio de andar no meio da rua de mãos dadas com meu namorado! Mesmo que só uma distância pequena assim!

– Tá gostando né? – Ele diz com um sorriso largo.

– Muito! – Digo sorrindo e me levanto para beijá-lo.

– Quem te viu, quem te vê hein P.O.zinho! – Carla grita do outro lado da rua.

Atravessamos a rua e nos cumprimentamos com abraços e beijos. Carla apresenta Suzi para Henri e logo entramos usando os convites VIP que ela arrumou mais uma fez de algum cliente da academia.

Depois de passar por duas portas acústicas, somos recebidos por um som alto de música. Está tocando uma música antiga da Katy Perry. O lugar é magnífico. Há luzes coloridas no teto rebaixado de gesso e com formas redondas. Do lado direito tem um lounge com mesas e cadeiras, deve ser a Área VIP. Do lado esquerdo tem um bar gigante com banquetas com assento de couro e pernas grandes. O ar condicionado está ligado no máximo, pelo bem de todos porque lá fora está um calor infernal. O cheiro é agradável e me lembra muito o da boate que fomos e onde Henri brigou com o Personal. Aliás, contei a Carla sobre o Personal e ela não acreditou muito. Ralph também queria colocar um segurança para acompanhá-la, mas ela não aceitou de jeito nenhum, disse que "era tudo fruto da grande imaginação da cabeçona do P.O.zinho".

Vamos direto para o bar e fico esperando enquanto Henri pega nossos drinques. Suzi vai com ele para pegar uma bebida para ela e Carla.

– P.O.zinho, está tudo no esquema já! – Carla me diz, meio em segredo.

– Cadê o resto do pessoal? – Digo olhando em volta. Ainda está bem vazio, só algumas pessoas aqui e ali.

– Calma, ainda tá cedo. A gente só vai dançar quando o segundo DJ tocar, é com ele que combinei tudo.

– Show! Então vou beber para ficar desinibido.

– Até parece que você precisa disso. Até alguns segundos atrás estava bem atravessando a rua de mãos dadas com outro homem. – Ela ri da minha cara. – Foi-se o tempo em que P.O.zinho era inibido.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora