Capítulo vinte e nove

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Coloco minha camisa branca nova, ainda com o cabelo molhado. Hoje é o último dia do ano. – Fecho os olhos e respiro fundo. – Flashes de imagens de tudo o que aconteceu no decorrer do ano começam a passar pelas minhas pálpebras. Estava indo tudo normal até o meio do ano. Minha vida estava uma monotonia no trabalho e no lado pessoal. A minha única meta era o meu projeto verão, estar com o corpo perfeitamente definido para o final do ano – este final de ano – e poder viajar até o Rio de Janeiro e passar boa parte das minhas férias na praia, torrando debaixo do sol. E mesmo almejando tão pouco, minha vida deu uma reviravolta.

Nem no mais remoto momento da minha infância ou adolescência eu pensaria que encontraria uma pessoa que me faria repensar todo o meu conceito de vida. Daí vem o universo e conspira para que você aproveite mais a vida e te dá uma série de lições. Eu aprendi tanto! Hoje namoro um homem e acho supernormal. Passei a enxergar os homossexuais de uma forma diferente. Eu precisei ser um deles para enxergar o quanto o mundo precisa mudar. Ainda estou me adaptando à todo processo pelo qual estou passando. Afinal de contas, não tenho o apoio da minha família. Vai fazer uma semana que minha mãe não fala comigo.

Alguém me agarra por trás e eu levo um susto, abrindo os olhos.

– Está dormindo na frente do espelho, amor? – Henri ri, enfiando sua cabeça no meu pescoço, me dando um beijo e me fazendo arrepiar.

– Não consigo evitar fazer um resumão no último dia do ano.

– Eu também. – Ele me solta e se senta na beirada da cama. Está só de cueca branca.

Nossos olhares se encontram no espelho e eu sinto que ele está pensando o mesmo que eu há alguns minutos.

– Essa vida é muito louca né? – Ele diz, sorrindo.

Continuo a me arrumar, tentando dar um jeito no cabelo.

– É sim. Quem imaginaria nós dois juntos aqui agora? – Sorrio.

– Nem me fale! – Ele se deita, coloca os braços embaixo da cabeça e fica fitando o teto. – Só de pensar que eu poderia estar casado a essa hora.

Levanto uma sobrancelha e me viro para ele.

– Qual o problema em estar casado?

– Nenhum. – Ele me olha. – Mas não acho que Renata fosse a pessoa certa.

– A gente nunca sabe quem é a pessoa certa, Piloto. Até que chega a hora.

Ele concorda com a cabeça. Ficamos calados por alguns minutos. Resolvo me abrir com ele.

– Estava aqui pensando em quanto a minha vida mudou e quanto tenho aprendido com tudo isso. – Dou de ombros. – Mas sei que ainda falta muito.

– O que você acha que ainda pode aprender?

– Sei lá, acho que só comecei a aprender tudo sobre esse mundo à parte. Aliás, este mundo que nós vivemos agora nem deveria ser à parte. Mas as pessoas não ajudam.

– É verdade. Queria poder sair por aí de mãos dadas com você.

– Eu também. – Sorrio para ele. – Mas sabe... acho que ainda preciso aprender um pouco mais. Ainda me acho tão preconceituoso.

– Como assim?

– Ah, tipo. Nós nos beijando, tudo bem. Mas quando vejo outros caras ou mulheres se beijando ainda fico meio escandalizado. Você não fica?

– Acho que não. Vejo o beijo de todo mundo como sendo normal.

– Você está a anos luz de mim, Piloto. – Vou até ele e abaixo para dar um beijo – Sempre esteve.

– Me beija mais um pouco. – Ele diz, fazendo cara de pidão e puxando minha cabeça devagar. – Gosto do gosto dos seus lábios.

Ele me puxa e começa a me beijar, primeiro lentamente, depois os beijos começam a ficar mais intensos e nossas respirações começam a acelerar. Em um movimento ele puxa minha camisa e joga no chão. Começo a tentar falar alguma coisa, mas ele me agarra e me joga na cama, ao seu lado.

– Henri... – tento dizer, mas estou ofegante – ... nós vamos nos atrasar.

– Nós temos tempo. – Ele mordisca o meus pescoço e eu arquejo de tesão. – Não resisto ficar te olhando sem te sentir todinho, você sabe.

– Ah... Henri! – Começo a gemer com seus beijos e seu amasso.

Sinto sua ereção dura como pedra encostando em mim. Ele me aperta contra a cama, me beijando. Uma de suas mãos desliza até a minha cueca e começa a tirá-la. Meu corpo já não responde mais aos meus comandos, está totalmente entregue ao desejo se ser possuído por Henri. De fundo escuto uma música muito familiar.

– Henri... – Tento dizer.

– Eu quero você, Pedro. – Ele sussurra no meu ouvido.

– Espera, Henri. – Tento reaver meus movimentos.

A música familiar toca insistentemente. Meus olhos se abrem ao lembrar que música está tocando. Henri percebe que algo está errado e para com os beijos e os amassos.

– O que foi? – Ele diz, meio constrangido.

– Essa música.. – Continua tocando insistentemente. – É o meu celular.

– Deixa pra lá, depois você atende.

– Não, Henri. Você não está entendendo. – Saio debaixo dele em um pulo. – Este é o toque do meu celular quando a minha mãe me liga.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora