Capítulo quarenta e nove

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Minha barriga está doendo de puro nervosismo. Flexiono o pescoço para um lado e depois para o outro, estalando. Dou três pulinhos e puxo bastante ar para meus pulmões. Começo a pensar que ter aceitado participar disso foi uma loucura. Escuto o nome do grupo Sol e Lua sendo anunciado no grande palco lá fora depois de um discurso sobre diversidade. Tento prestar atenção no que o cara no microfone está falando, mas Carla chama minha atenção.

– Ei. – Eu me viro para olhá-la. Seus olhos estão brilhando de excitação, o que me faz ficar empolgado também. Este sempre foi o grande talento de Carla, fazer com que as pessoas ao seu redor compartilhem da sua energia, que parece nunca acabar. – Quebre uma perna.

– Credo, Carla! – Franzo o cenho. – Que coisa horrível de se falar.

– Ai, P.O.zinho... – ela revira os olhos – será que eu tenho que te ensinar tudo? Isso é uma expressão que significa "boa sorte"!

Aaaaaaah... se for assim... quebre uma perna você tbm! Vamos todos ficar mancos! – Sorrio.

– Isso aí. Quero ver a gente fazendo bonito.

"Com vocês, grupo Sol e Lua!" – Escuto ao longe.

Fecho os olhos e me permito encarnar um personagem. Um pessoa sem vergonha, sem medo, extrovertido e animado. Uma pessoa totalmente diferente do Pedro Otávio, um personagem das novelas. E ele está cheio de energia. Ele não vai errar nada. Ele vai entrar lá e arrasar.

– Bora? – Carla diz, sorrindo.

– Bora!!!! – Levanto o braço e ela bate com a sua mão na minha.

Passamos pela cortina e demoro um pouco a me acostumar com a luz do sol ainda se pondo. Vejo vários drones sobrevoando a multidão... ah a multidão! Um mar de pessoas se agiganta à nossa frente. As pessoas de repente vão se calando aos poucos. Os refletores se acendem. Que todo mundo dance... que todo mundo dance... – repito para mim quase como uma oração. Abro um sorriso e me posiciono. Não preciso olhar para Carla para saber que ela já está certíssima no seu lugar. E a música começa a tocar.

Para melhor leitura deste capítulo, segue o vídeo da música da apresentação:

Trying hard to fight these tears

I'm crazy worried

Começamos com movimentos leves e tímidos. Ninguém da multidão nos segue. Não me importo. O personagem sabe que vai ser um sucesso.

Messing with my head this fear

I'm so sorry

You know you gotta get it out

I can't take it

That's what being friends about...

Pula, pula, esquerda, direita... passo difícil, passo difícil...

I, I want to cry

I can't deny

Tonight I wanna up and hide

And get inside

It isn't right

I gotta live in my life

Meu coração dá um pulo dentro do peito quando vejo um primeiro grupo de pessoas na frente do palco sincronizados com os nosso movimentos. Sinto um alívio gigante e uma força começa a crescer dentro de mim. Pelo menos algumas pessoas estão nos acompanhando.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora