Capítulo quarenta e sete

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Termino de dar um longo bocejo e me sento no sofá. Olho para a janela e o dia lá fora está lindo com o céu totalmente azul e sem nenhuma nuvem. Ainda é muito cedo. Não consegui pregar os olhos direito essa noite, estou muito ansioso pelo dia de hoje. Os últimos ensaios não foram perfeitos. Quando mais se aproximava o dia de hoje, mais nervoso eu ficava e mais passes eu errava. – Suspiro. – Você precisa se acalmar, P.O.zinho, vai dar tudo certo, Carla dizia. Eu tentava, mas logo já estava nervoso de novo. Hoje vamos nos apresentar para um grande público e é muita responsabilidade em cima de mim, fazer a parte principal junto à Carla. Adicione aí uma pitada de incerteza. Não tenho certeza se o nosso plano de ensinar vários grupos por aí deu certo. Não sabemos quantas pessoas vão participar conosco hoje. E se não for ninguém? E se for um fracasso total? Carla afirma com toda certeza de que vai dar muita gente e que vai ser um sucesso, mas eu não estou tão seguro assim. Acho que o meu nervosismo se dá muito mais pelo apoio do público do que a minha performance em si.

Puxo um tênis velho laranja com detalhes prateados da Nike e tiro uma das meias de dentro. Levanto o pulso e confiro as horas. Ainda são sete da manhã. Vou dar uma caminhada na praia para espairecer e tentar me acalmar. O sol ainda não deve estar muito quente a essa hora da manhã. Também não quis acordar Henri. É final de semana, e ele merece um descanso. Trabalhou muito durante a semana, fazendo várias viagens e voltando de madrugada. Amarro o cadarço de um tênis, puxo o outro e começo a calçar o segundo pé. A porta do quarto se abre fazendo um rangido e Henri sai só de cueca, esfregando o rosto.

– Acordou cedo, amor. – Ele diz ao se aproximar e se sentar ao meu lado no sofá.

– Não consegui dormir. Estou muito ansioso com a Parada hoje. – Eu me viro e ele me dá um beijo. – E o senhor tá fazendo o que acordado a essa hora da manhã? Vá dormir mais!

– Acordei e você não estava lá. – Ele dá um bocejo e aponta para o tênis que estou acabando de amarrar. – Vai aonde?

– Vou dar uma volta na praia. Quer ir?

Hummmm...

– A gente pode parar para tomar café da manhã em algum lugar.

– Tá bom. – Ele responde sorrindo. – Se tem café da manhã envolvido eu vou.

Eu me levanto e estico os braços.

– Então vai se trocar. Vou te esperar aqui.

– Nossa, que bundinha. – Ele aperta minha bunda.

– Henri! – Fico vermelho. – Vai logo!

– Tá bom... tá bom! – Ele se levanta do sofá com os braços para o alto e entra no quarto.

Fico sorrindo sozinho com a ousadia do Piloto. Ele sempre me provocando... e eu adoro.

Henri se apronta e em dez minutos estamos descendo o elevador. Ele coloca um short preto e uma camiseta regata azul bem básicos e um tênis de corrida azul.

– Adorei esse seu acessório dourado no dedo. – Ele me olha de lado, sorrindo.

– Digo o mesmo do seu. – Aponto para seu dedo e ele entrelaça a mão dele na minha.

– Nem acredito que somos noivos.

– Pois é... não vai ter jeito, vamos ter que nos casar. Não posso deixar você escapar de mim.

– Podemos marcar a data então? – Ele diz com os olhos brilhando.

– Calma, Piloto. Uma coisa de cada vez, nós mal ficamos noivos. Eu ainda nem contei para minha mãe.

– Tá bom... – ele revira os olhos.

Soltamos a mão um do outro para passar pela recepção. Henri e eu cumprimentamos o porteiro de cabelos grisalhos e camisa social branca, que está tomando uma xícara de café. Ele nos cumprimenta e abre o portão para que passemos.

Assim que saímos na rua, a primeira coisa de que em dou conta é do carro preto parado na rua. Os seguranças de Ralph ainda estão na minha cola. Fazia tempo que não sentia a presença deles. Só mesmo quando Henri reclamava. Aliás, ele parece ler os meus pensamentos.

– Esses seguranças ainda estão te seguindo?

– Calma, Piloto. Este é o meu último dia de trabalho na academia. Amanhã já não vou ter mais nenhuma regalia dessas.

– Nossa, muito chatos. – Henri fecha a cara.

Em parte sei que a presença dos seguranças incomoda mesmo Henri. Ele se sente seguido e com a sua liberdade violada. Mas em parte sei que tudo isso também é por conta de Ralph. Foi ele quem colocou os seguranças na minha cola. E eu sou muito grato. Me sinto muito mais seguro com eles por perto. Depois que eles se forem, nem sei o que será de mim.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora