Capítulo trinta e quatro

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Carla me observa com cara de dúvida. Estamos conversando no nosso intervalo de almoço há mais de uma hora. O que era para levar só alguns minutos acabou se prolongando devido à duas pautas. Primeira, Carla me contou sobre o seu encontro com Caio, o seu ex. Eles saíram para jantar e ele foi todo romântico com ela, coisa que nunca foi na vida. Ela ficou muito balançada com a volta dele, mas não pude deixar de fazê-la enxergar que ele fez muito mal a ela enquanto estavam namorando. Lembro de Carla na fossa por semanas porque o seu até então namorado resolveu terminar com ela sem mais nem menos. Tempos depois ela descobriu que ele tinha conhecido outra garota e logo depois se mudou para o Rio. Demorou meses até que ela voltasse a ser aquela pessoa energética de novo. Também não pude deixar de defender os interesses do meu amigo, David. Ele é uma pessoa incrível e pensa muito mais nos outros do que nele mesmo. Tenho certeza que ele tá sofrendo com esse afastamento entre eles. Então, se for para terminar que terminem logo – eu disse a ela. Mas pelo visto ela não quer terminar com ele. A segunda pauta foi para tratar da proposta que o tio de Henri me fez. Não consegui tirar isso da cabeça e precisava desabafar com alguém e ninguém melhor que minha amiga para entender dessas coisas.

– Amigo... – ela diz depois de me olhar por alguns segundos – não tem o que pensar. Uma pessoa decente não faz esse tipo de proposta para ninguém.

– Eu sei. – Me recosto na cadeira de metal preta do restaurante. – E é por isso que eu sei que ele pode cumprir com a ameaça.

– Você tem que contar ao Henri.

– Não! – Digo mais alto do que pretendia. – Henri não pode saber de nada. Primeiro eu preciso saber o que fazer.

– Pedro, deixa de ser cabeça dura. – Ela faz uma expressão séria. – Seja razoável. Henri precisa saber o que o tio dele anda te propondo.

– Eu estou sendo razoável. Henri vai saber quando eu resolver o que vou fazer.

– Tá. – Ela revira os olhos. – E por enquanto o que você acha que tem que fazer?

– Eu não sei. Mas não quero que Henri perca tudo por minha causa.

– Se eu fosse você eu contava para Henri hoje! Mas já que não quer, pensa com calma. Afinal você tem duas semanas para dar a resposta.

– Tá, vou pensar. – Suspiro. – Que situação! Estamos passado por isso só porque uma única pessoa que não tem nada a ver com a nossa vida fica interferindo.

– Pois é, por ele não ter nada a ver com a vida de vocês, já devia ter resolvido isso com o seu namorado.

Ficamos calados por um momento.

– Não faça nada que possa se arrepender. – Ela diz séria.

– Vou tentar. – Digo, abaixando a cabeça. – Mas me parece muito egoísmo meu querer que Henri passe o resto da vida comigo sem uma família e sem dinheiro.

– Não é egoísmo querer ser feliz. – Ela diz se levantando e colocando uma mão no meu ombro.

– É verdade. – Suspiro. – Onde você vai?

– Tenho que passar na farmácia e comprar umas coisas de mulher. Depois vou trocar umas roupas. – Ela levanta uma sacola.

– Então tá. Eu vou voltar pra academia.

– Suzi vem hoje. Avisa pra ela que vou chegar um pouco atrasada?

– Aviso.

– Então vou nessa. – Ela se abaixa e me dá um beijo no rosto.

– Te vejo daqui a pouco então. – Digo ainda pensativo.

Fico sentado por mais alguns minutos antes de me levantar. Não sei o que vou fazer em relação a esse assunto. Vou tentar esquecer um pouco senão não conseguirei nem dormir. Por mim eu daria uma resposta curta e grossa para aquele velho chato, mas isso vai envolver Henri. Será que eu deveria contar a Henri? Melhor não. Henri vai ficar muito triste ao saber que seu tio não presta. Ainda lembro dele me dizendo que seu tio era uma boa pessoa. Em todo caso, vou esperar cenas dos próximos capítulos. Do mesmo jeito que eu tenho duas semanas para aceitar ou não a proposta, ele tem para desistir e pedir desculpas. Acho que vou encarar as coisas desta forma.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora