Coincidência

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Lauren Jauregui's point of view

New York - 02:55Am

"Lauren! O que acha que está fazendo?

Lauren!

Não corra! Volte aqui agora."

Ouvi essas palavras de novo me fizeram abrir os olhos rapidamente, havia uma pequena camada de suor sobre o meu corpo. A minha respiração estava ofegante. Irregular. Meu peito subia e descia em um desespero apavorante.  Preciso me acalmar, foi apenas um sonho.

Olhei ao meu redor e foquei no relógio em cima do criado mudo ao lado da minha cama, ainda são duas e cinquenta e sete, resolvi levantar um pouco, talvez tomar um pouco de ar.

Caminhei até a porta que dá acesso a uma pequena varanda que contém no meu quarto. Uma leve brisa passou, causando-me arrepios. Olho para o céu e vejo as minhas amigas ali, tão chamativas e atraentes. Ah, como eu as amo.

Saí da área e percorri o caminho até o corredor. Resolvi passar pelo quarto da Tay, entrei, mas com cuidado para não acordá-la. Olhei para o pequeno abajur ao lado da sua cama e acendi. Ela estava completamente encolhida, provavelmente seja de frio. Afinal ela deixou a janela aberta, preciso lembrar de falar isso com ela.

A minha menina está crescendo.

– Eu amo tanto você.. - Sussurrei contra o seu rosto deixando um beijo sobre a sua bochecha e a cobrindo corretamente.

Em um impulso, levantei desligando o abajur e aproveitei para fechar a janela.

Continuei meu caminho para a cozinha e resolvi preparar um chocolate quente.

Subo as escadas correndo, mas com cuidado para não derrubar o líquido quente sobre mim, como fiz na semana passada. Sou uma idiota mesmo, ein? Atravesso a porta do meu quarto, indo em direção ao meu foco.

– Então, meus pequenos pontinhos, como estão hoje? Preciso contar para vocês como foi o meu dia, tenho uma novidade maravilhosa.. - Me aproximo e sento na rede, depositando o copo em cima da mesa. – A mamãe receberá alta em breve. Acredita que houve uma reversão no caso dela? Eu fiquei tão feliz, vocês não têm noção! A Tay aparenta ter ficado mais ainda. Vocês sabem, desde que tudo aconteceu que eu não me perdoo pelo acontecido. Eu deveria ter levado ela. Mas infelizmente eu não fiz isso. Enfim, já prometi para vocês que irei me perdoar, e juro que estou tentando. Amanhã tenho expediente na cafeteria, e adivinha? Não estou nem um pouco animada. Se não fosse por Verônica, eu nem iria mais. Vocês sabem, eu só queria uma vaga para algo importante, quem sabe, talvez, fotografar novamente? Não sei se isso será possível, mas tentarei. Ou quem sabe outra coisa. Só não quero servir mesas para sempre. - Disse tudo em um fôlego só e logo em seguida beberiquei um pouco do chocolate quente. – Vocês devem me achar Insuportável, sempre comento a mesma coisa, mas juro que não faço por mal. Apenas preciso conversar com alguém, e vocês estão sendo esse alguém.

Sempre tive uma paixão imensa pelas estrelas. É tão irônico o fato de algumas delas estarem mortas. As vezes penso e se elas não estiverem mortas? E se elas forem algo a mais do que estrelas? Independente disso, eu fico completamente à vontade. Eu sinto que podem me escutar. É isso que me cativa a continuar as amando. Por que? Porque elas não querem que eu seja igual a ninguém. Eu posso ser eu mesma com elas.

[...]

Se eu dormi durante duas horas essa noite foi muito. Passou rapidamente, quando dei por conta já estava amanhecendo e eu precisava ir para cafeteria em breve. Antes de ir eu sempre deixava a Tay no colégio. Ficava cerca de quinze minutos a pé do nosso apartamento.

Levantei e tomei um banho quente. Minha visão estava pesada e minha cabeça doía. Não sei ao certo porquê mas sentia como se minha vida não tivesse um rumo.

Do dia para noite eu tive que crescer. Podem até dizer que eu já sou uma adulta, e sim, eu sou. Mas em momento algum eu me vi sem ter a dona Clara por perto para me aconselhar ou me dizer que o que eu estava fazendo é errado. Ela sempre esteve ao meu lado, e não tê-la por perto me deixa desnorteada. Sempre a tive como meu ponto de equilíbrio. O que se faz quando se perde ele? Preciso achar um rumo para minha vida.

Ao menos tentarei focar em algo bom durante o meu dia.

Camila Cabello's point of view

Pontualidade sempre foi o meu forte, não aceito atrasos. Por isso sempre que posso, chego mais cedo que o meu horário. Hoje, por pura ironia, estou atrasada. Logo hoje que tenho reunião importante com acionistas.

Iremos tratar assuntos de uma das filiais, a situação econômica da empresa não esta indo muito bem. Algo que é extremamente ruim. Não está tendo lucro e não queremos jogar a culpa na diretora da empresa, então precisamos tomar uma iniciativa rapidamente.

No rádio tocava uma música e eu batucava os dedos no volante para tentar conter a ansiedade que se instalava no peito.

As horas se passavam rapidamente. As pessoas corriam para chegar aos seus trabalhos e nem ao menos observavam tudo ao seu redor. Todos os dias são assim; eles correm. Precisam cumprir horários. Então tudo que foi criado e é renovado todos os dias, ficam para trás. Ninguém observa ou ao menos dão importância, querem apenas chegar ao objetivo que foi traçado para aquele dia.

O dia nasce e as pessoas não apreciam.

As folhas caem e não tem ninguém ali para observar aquele pequeno mas único, detalhe da natureza.

O sol se põe e ninguém o vê indo embora, quando percebem, ele já se foi.

A lua aparece com todo a beleza e o seu magnetismo, as pessoas sequer olham para ela.

Mas e se amanhã nada disso acontecer?

E se o dia não nascer? se as folhas não caírem? Se o sol não se pôr? Se a lua não aparecer com todo o seu brilho? E se.. são tantos nessa vida, que tento agradecer o máximo. Porque se nada disso acontecer amanhã, eu dei um adeus os vendo hoje.

O sinal fechou. Diversas pessoas passavam à minha frente.. algumas correndo, outras caminhando lentamente. Entre elas duas pessoas me chamaram atenção. Uma mulher dos cabelos pretos e longos, a pele branca. A pequena do seu lado, parecia muito com ela. Será que é mãe da garotinha?

Enquanto observava, senti um impacto forte na traseira do meu carro me empurrando para longe, parecia que estava me aproximando das duas garotas que ficaram estateladas a minha frente. Fui mais rápida e apertei o freio, com o impulso meu corpo foi jogado para frente mas não tirei o pé, quando consegui parar o carro totalmente, vi que minha respiração estava ofegante e eu não tinha forças para sequer sair de dentro do carro.

– Senhorita? Você está bem? - Ouvi um homem perguntando, mas meus olhos não saiam das duas garotas a minha frente. Desviei o olhar para o rapaz que me olhava com uma cara assustada.

– Sim.. Foi só um susto. Não se preocupe, estou bem. - Falei e voltei o olhar para frente, mas as duas garotas haviam sumido.

Ouvi carros buzinando e só então percebi que o sinal estava aberto novamente e o jovem rapaz ao meu lado já havia ido embora. Pisei fundo no acelerador, mas a imagem das duas garotas a minha frente não saía da minha cabeça.

Coincidence Or Fate?Onde histórias criam vida. Descubra agora