Capítulo I

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        As botas de couro faziam um barulho alto no chão enquanto eu caminhava e o som ecoava pelas paredes do enorme salão. Enquanto os jovens recrutas começavam a chegar, eu tentava manter a postura e o olhar firmes, esconder o pavor e a insegurança que me rondavam desde aquela reunião.

Nessa mesa estão dois representantes de cada nação interessada no assunto. Eu posso muito bem reconhecer as Almas naquele lugar, seus olhares coloridos e as auras que emanam.

Do total de 72 nações presentes, posso ver 34 Almas. 34 nações em que era certo haver novas encarnações.
— Mas isso é um absurdo! — grita um dos representantes, que, pelo tom, percebo que não entende a nossa existência — Essa nova raça será o motivo da extinção humana! Como podemos permitir? Enlouqueceram? Irão nos matar!
— Sr. Makarov, — interrompo, mantendo a calma na voz — não se trata de uma nova raça. Somos mais antigas que os humanos. Seres pacíficos, mas mais poderosos do que pode imaginar. Já fomos deusas, já fomos aberrações. Nunca fomos maléficas; como ousa dizer que iremos matá-los, se nem entende nossa presença?

Minha resposta gera repercussões. Muitos países que foram nossos berços ficam do meu lado, mas os outros, por pura ignorância, ganância ou ódio, não aceitam. A inveja que paira nossos poderes e sabedoria é gigante.

Eu e as Almas presentes nos encaramos. Como a Mãe Terra criou seres tão gananciosos? Tão impuros? Tão vazios?
— As únicas almas presentes aqui são praticamente crianças! — indaga outro — Como quer as levemos a sério? Não têm cabeça para esses assuntos!
— Não temos cabeça para isso? — rebato — Sr. Stein, você só vê as aparências. Mostra isso com apenas uma frase dita. Sim, esse meu corpo possui apenas 20 anos, mas eu — solto uma risada leve — eu e todas presentes aqui somos mais velhas do que pode imaginar. Vimos seus antepassados, sua evolução. Presenciamos as maiores descobertas e catástrofes da humanidade. Morremos inúmeras vezes, além do...
— Basta! — interrompe — Srta. Campbell, se não entende nosso propósitos, assinamos uma guerra.

E é com essa frase que sinto alguma coisa enterrada em meu ser há muito tempo.

Antes do salão encher, acendi uma pequena chama em meu dedo e olhei como ela dançava. O fogo me dava uma sensação de calma, pacificidade e perfeição. A chama estava firme, até tremeluzir e eu a apagar.

Os novos recrutas olhavam para mim lá de baixo. Pigarreei.
— Bom dia. Eu sou Nix Campbell, general desse exército, a que vai aturar vocês a partir de agora. — encarei os 300 jovens à minha frente — Vocês não estão mais na casa da mamãe, vocês estão indo para a guerra. E se não fizerem o que eu ensinar, prometo que estarão mortos.

Alguns garotos olharam para mim e sufocaram um riso. Jovens.
— "Como uma garota que tem a minha idade pode me ensinar como não morrer?". Vocês com certeza devem estar se perguntando isso. — parei por um instante — Eu sou uma Alma e, podem ter certeza, já estive no lugar de vocês. Eu já morri. Já fui romana, egípcia, grega, escrava, judia e muitas outras. Então sim, sei como ensinar vocês a não morrerem.

Olhei o relógio.
— Vocês têm uma hora para achar seus aposentos. Me encontrem aqui depois.

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Bjuxxx
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A Última AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora