A água do mar bate em meus pés enquanto observo o pôr do sol.
2475, meus 47 anos. Meus pés afundam na areia a cada passo calmo que dou em direção ao calçadão. Assim que saio da praia ponho meus chinelos.
— A Lune iria adorar isso. — falo, sozinha.
— Falou comigo?— pergunta alguém que passa por ali.
— Não, desculpe.— rio da situação.
Já fazem 29 anos e sinto-me cada dia mais leve, cada dia guardo mais boas lembranças de minha irmã. Lembro de uma vez em que Lune comeu três barras de chocolate seguidas. Eu tinha 13 anos e ela 16, foi um dia que estávamos no cinema. Minha irmã ficou o filme todo enchendo o saco por causa da dor de barriga.
O calçadão é enorme e caminho rindo, sem pressa.
Sentada em um banco de pedra, há uma mulher de cabelos curtos quase brancos com as mãos no rosto. As pessoas em volta a ignoram; não é surpresa, a empatia deixou os humanos há muito. Chego mais perto. É uma Alma. Sento ao seu lado.
— Hum... Oi.
Ela me encara, confusa.
— Conheço você?
Olho para o lado.
— Que eu saiba, não. Mas você parece precisar de um ombro amigo. Meu nome é Nix.— estendo a mão.
A Alma do Vento enxuga uma lágrima e completa o cumprimento.
— Eura.— ela olha para frente, o sol já se pôs por completo agora.
— Venha. Vamos beber alguma coisa.
Eura me olha como se eu fosse louca. Talvez eu seja.
— Você nem me conhece.
— Você parece triste. Do jeito que está esse mundo— estendo mais uma vez minha mão, mas dessa vez para puxá-la para cima— as Almas têm de ficar unidas.
Ela esfrega os olhos, sorri torto e segura minha mão.
— Então?— pergunto— O que houve?— percebo o quão idiota fui, então me corrijo — Me desculpe. Eu nem te conheço direito, não precisa me contar.
— Por que está sendo tão gentil e compreensiva comigo?
— Porque... Eu reconheci a minha tristeza em seu olhar. Vejo os olhos da perda.
A Alma do Vento para.
— Eura?
— Acorde!—grita a mesma, me tirando de minhas lembranças— Estamos sendo bombardeadas!
Um salto me levanta. Não consigo ouvir direito, só corro em direção à saída. Quando pisamos do lado de fora, Eura faz uma rajada de vento nos carregar para longe.
— Não!— grito— Há soldados lá dentro!
— Não há mais ninguém lá dentro!— responde com voz pesada— Bombardearam a enfermaria!
Bombardearam a enfermaria.
Como podem ser tão cruéis? Tão antiéticos? Como os humanos podem ser tão frios e tão irracionais a ponto de matar feridos?
Os Solines. Os humanos.
Como a Mãe Terra consegue amá-los?
Nesse momento, eu me decido. Eu acabarei com essa guerra e protegerei os Lunines, mas depois que tudo isso acabar, se eu estiver de pé quando isso tudo acabar, não doarei mais um pingo de piedade à essa raça desprezível.
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QUANDO CHEGAR A 1000 VISUALIZAÇÕES SAI BOOK TRAILER!!!!
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A Última Alma
General FictionA Mãe Terra as criou. As Almas. Seres criados à sua ideia de divinos, seres criados para proteger os humanos. Seres místicos, poderosos e... Perfeitos. Nix é a exceção. Mesmo criadas para proteger os humanos, muitos não as enxergavam como prote...