Capítulo XXVIII

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        A água do mar  bate em meus pés enquanto observo o pôr do sol. 

        2475, meus 47 anos. Meus pés afundam na areia a cada passo calmo que dou em direção ao calçadão. Assim que saio da praia ponho meus chinelos. 

 — A Lune iria adorar isso. falo, sozinha. 

 — Falou comigo?— pergunta alguém que passa por ali.

 — Não, desculpe.— rio da situação. 

        Já fazem 29 anos e sinto-me cada dia mais leve, cada dia guardo mais boas lembranças de minha irmã. Lembro de uma vez em que Lune comeu três barras de chocolate seguidas. Eu tinha 13 anos e ela 16, foi um dia que estávamos no cinema. Minha irmã ficou o filme todo enchendo o saco por causa da dor de barriga. 

        O calçadão é enorme e caminho rindo, sem pressa. 

        Sentada em um banco de pedra, há uma mulher de cabelos curtos quase brancos com as mãos no rosto. As pessoas em volta a ignoram; não é surpresa, a empatia deixou os humanos há muito. Chego mais perto. É uma Alma. Sento ao seu lado. 

 — Hum... Oi. 

Ela me encara, confusa. 

 — Conheço você? 

Olho para o lado.

 — Que eu saiba, não. Mas você parece precisar de um ombro amigo. Meu nome é Nix.— estendo a mão. 

        A Alma do Vento enxuga uma lágrima e completa o cumprimento.

 — Eura.— ela olha para frente, o sol já se pôs por completo agora.

 — Venha. Vamos beber alguma coisa. 

        Eura me olha como se eu fosse louca. Talvez eu seja. 

 — Você nem me conhece. 

 — Você parece triste. Do jeito que está esse mundo— estendo mais uma vez minha mão, mas dessa vez para puxá-la para cima— as Almas têm de ficar unidas. 

        Ela esfrega os olhos, sorri torto e segura minha mão. 



 — Então?— pergunto— O que houve?— percebo o quão idiota fui, então me corrijo  — Me desculpe. Eu nem te conheço direito, não precisa me contar. 

 — Por que está sendo tão gentil e compreensiva comigo? 

 — Porque... Eu reconheci a minha tristeza em seu olhar. Vejo os olhos da perda. 

        A Alma do Vento para. 

 — Eura?   

 — Acorde!—grita a mesma, me tirando de minhas lembranças— Estamos sendo bombardeadas! 

        Um salto me levanta. Não consigo ouvir direito, só corro em direção à saída. Quando pisamos do lado de fora, Eura faz uma rajada de vento nos carregar para longe. 

 — Não!— grito— Há soldados lá dentro!

 — Não há mais ninguém lá dentro!— responde com voz pesada— Bombardearam a enfermaria!

        Bombardearam a enfermaria.  

        Como podem ser tão cruéis? Tão antiéticos? Como os humanos podem ser tão frios e tão irracionais a ponto de matar feridos?

        Os Solines. Os humanos.

        Como a Mãe Terra consegue amá-los?

        Nesse momento, eu me decido. Eu acabarei com essa guerra e protegerei os Lunines, mas depois que tudo isso acabar, se eu estiver de pé quando isso tudo acabar, não doarei mais um pingo de piedade à essa raça desprezível.

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