Capítulo XIII

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        A capacidade humana de aprender é incrível. Com três semanas de treinamento, eles já sabiam bastante coisa. Eu não sabia como estavam os outros grupos, mas o meu progredia.
        Durante o treino daquele dia, algo de errado aconteceu. Primeiro, as luzes do galpão piscaram. Depois, o barulho de algo caindo foi impossível de não ouvir. E aí, o grito.
        Os soldados se alarmaram.
 — Fiquem quietos! — gritei — Permaneçam aqui dentro!
        Saí e observei de longe a fumaça; vi Skadi se aproximando com uma pistola, olhando com hesitação sobre a fumaça. Arregalei os olhos e corri até ela.
 — Espere!
Pus meu braço esquerdo em sua frente, impedindo-a de continuar. Eura chegou ao meu lado, junto de Selene.
 — Dissipe a fumaça. — falei, me dirigindo à Eura.
        Um vendo soprou, e vi uma menina caída, tremendo.
 — É uma Alma. — disse Selene — Mas... Há algo de errado. A vida presente nela oscila.
        Ajoelhei-me ao seu lado e tirei o cabelo ondulado escuro de seu rosto. A garota estava com febre e possuía a marca da injeção atrás de sua cabeça. Solines. Skadi apontou a arma para ela.
 — Não!
 — Por que não? Injetaram a fórmula nela!
 — Só... Só espere. Espere ela acordar, aí ela decide se quer ou não.
        Então, eu percebi. Percebi pela sua aura, percebi pela sua aparência. Era minha irmã.

 — É uma Alma da Noite.
        Doeu tão fundo, podia ser eu. As Almas da Noite sempre foram tão livres, tão difíceis de pegar, tão aventureiras.
        A garota abriu os olhos alarmada e se sentou rapidamente.
 — Ei, calma. — falei — Você está segura.
        Ela tremia abraçando as pernas.
 — Não, não...
 — Respire. — sentei-me ao seu lado. Ela obedeceu e respirou três vezes — Qual seu nome?

         A garota hesitou por um instante, para saber, talvez, se podia dizer o nome que a condenara a tudo que passara até ali. Então ela percebe que quem a rodeava eram seus iguais.

 — Luar.
 — OK Luar. Eu sou Nix, uma Alma da Noite igual a você. Posso? — perguntei, levando a mão em direção ao seu coração.
 — Não vai resolver.
 — Eu sei que não vai, mas você irá se sentir melhor.
        Luar me encarou e permitiu. A luz dourada da cura se espalho pelo seu corpo e ela se acalmou.
 — Onde eu estou? — perguntou.
 — Em Braza. — respondi, tentando permanecer o mais calma possível — Exército sudeste. De onde veio?
 — Niponis.
 — Muito longe. Como você escapou dos Solines?
 — Eu... Não sei ao certo. Foi à noite. A Mãe Terra me disse para fugir. Não pensei em nada, só obedeci. — a fúria cresceu em seu rosto — Solines! Eles fizeram isso comigo!
        A escuridão começou a crescer no céu como se fosse uma tinta derramada.
 — Luar, pare com isso! — exclamou Eura.
 — Eu não consigo! — respondeu, com lágrimas nos olhos — A radiação fez isso comigo! O chumbo não me deixa pensar!
 — Calma. — disse eu, e estendi a mão para o céu. A escuridão sumiu — Viu? Não se preocupe. — olhei para o chão, aflita. — Luar, você quer que... Acabemos com isso?
        Ela me encarou.
 — Não, eu quero lutar. Quero que os Solines vejam o que fizeram comigo, para eu fazer algo muito pior.


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