Capítulo VII

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        Explicar a mesma história nove vezes encheu o saco. Quando o grupo 1 finalmente voltou para minha aula, tentei lembrar os nomes. Jack, Maria, Carla, Ryan, Emily... e Evie.
 — Bom dia. — disse — Aula passada lhes ensinei como nascemos, como somos divididas e a mistura que nos deixa impossibilitadas. Continuando... Ah, alguma pergunta?

        Uma garota levantou a mão.
 — Sim? Qual seu nome?
 — Melanie Jones. Na última aula a srta. falou sobre as Almas da Morte. Elas são a própria...
 — Sim. São a própria Morte. Mas que bom que perguntou. Elas são uma vertente diferenciada das Almas, porque nunca vão morrer. Todos as temem, inclusive nós. São mais antigas do que todos; existem desde que a Mãe Terra existe. A maioria é cheia de cicatrizes e marcas na pele, feitas por aqueles que tentaram em vão matá-las. Respondi?

        Melanie concordou.
 — OK, vamos continuar. No início das civilizações humanas, éramos as explicações para o que eles não conseguiam entender, como a chuva ou o som, ou as estrelas do céu. Dos Mesopotâmicos aos Romanos, fomos o que eles chamavam de deuses. Na Idade Média, fomos perseguidas e queimadas em fogueiras; éramos bruxas. Quando começou a Idade Moderna, deixaram de acreditar que existíamos, vivemos como cidadãos comuns. No início da Idade Contemporânea, fomos caçadas. Não aceitavam nossas diferenças. Quando começou a Idade Pós-Contemporânea, com o fim da 4° Guerra Mundial em 2345, alguns voltaram a acreditar que existimos, porém em alguns países somos um crime.
 — E aí vai começar mais uma guerra. — completou Brian.
 — Exatamente. Depois que Prátia descobriu como misturar chumbo, materiais radioativos e mercúrio, Germânia e Kanástria viram uma forma de nos conter e controlar. Maxitus e Gamoa não tinham condições financeiras para produzir essa fórmula, mas fizeram um acordo com Prátia. Andinus e Alábia conseguiram fazer a fórmula por si próprios e assim surgiram os Solines.
 — Prátia e Alábia juntos? Vamos todos morrer. — disse Melanie.
 — Mas — continuei, ignorando o comentário — os Unidos de Saarius, sempre ligados em magia e fiéis aos seus deuses ancestrais, quando receberam a notícia e o convite de Prátia, negaram e avisaram muitos outros países que são berços de Almas, os que ainda não haviam sucumbido às pressões do inimigo. Argentus e Braza posicionaram-se imediatamente ao lado dos Unidos de Saarius, mas Frantus, Niratus e Englos esperaram para ver se a notícia da fórmula era realmente verdade. Vendo que era, não aceitaram. Unitus financiou os países mais pobres, mas não irá enviar soldados. Arcusos quase cedeu à pressão dos Solines, pois estava em zona de influência. O país não rendeu-se as exigências porque sua presidente é uma Alma, e ela fez o país ver tudo por outro lado. E aí, restou Abumius. — parei por um instante e bebi água — Abumius é coberto por gelo, impossibilitando a fixação humana. Lá, vivem apenas as Almas do Gelo. Aceitando o acordo de guerra, juntos viramos os Lunines. Nove contra nove. Uma guerra justa.

        Esperei por suas reações. Como não surgiram, finalizei:
 — Daqui a nove dias tudo será diferente aqui. Muito bem, estão liberados.
        Todos se levantaram, mas Evie permaneceu sentada.
 — Você não me explicou aquele assunto sobre você ter 20 anos.
 — Ah. — sentei-me em sua frente — Eu, eu mesma, já perdi a conta de quantos anos tenho. Esse corpo tem 20 anos. A minha mentalidade obedece a idade do corpo, ou seja, quando eu sou uma criança, eu sou uma criança, independentemente das memórias ou dos problemas. Mesmo criança, eu sei usar meus poderes e me proteger.
 — Mas... Quem fica com vocês enquanto são bebês?
 — A Mãe Terra. Ela nos alimenta, nos aquece e nos deixa protegidas dentro de árvores ou outros locais até os cinco anos. Depois disso, Ela nos auxilia e nos dá apoio, apesar de sairmos andando sozinhas. Sozinhas ou com... irmãs.
 — Irmãs?
 — Nada, deixe isso para lá. Entendeu?

        Ela sorriu e se levantou.
 — OK, Nix. — a garota estendeu a mão e me puxou — O que terá daqui a nove dias?

 — Surpresa.
        Ela me encarou, rindo.
 — Ah, tá bom.
        Evie piscou para mim e saiu cantarolando do galpão.

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