Capítulo II

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        Subi as escadas até o terraço do meu prédio em um ritmo acelerado, precisava de paz. Sentir o sol em meu rosto e o frio da manhã fazia-me sentir viva, sentir a presença da Mãe Terra; apesar de ser meio incômoda, era a única sensação que me afastava da solidão.

Olhei em volta, para baixo e vi lotes de armas, além de tanques de guerra em manutenção.

Sentei-me na borda do prédio e me inclinei, ameaçando cair. O prédio parecia tão alto, mas o mundo tão pequeno. Ouvindo o barulho dos jovens que seriam soldados, senti pena. Eram tão jovens, haviam experimentado tão pouco da vida. Agora iriam para a guerra e não tinham a mínima noção da desgraça que era.

Suspirei e pulei.

O chão tremeu quando o atingi, mas não dei a mínima. Saí andando.
Éramos quase invencíveis, seres além da compreensão humana. Éramos tão antigas quanto a própria Terra. Havia apenas uma forma de ser morta, ser atingida e ter o coração estilhaçado. Do contrário, reencarnação.

Após uns dez minutos caminhando relativamente rápido, me certifiquei que ninguém me observava. Encostei em uma árvore e tentei novamente uma coisa que sabia que não iria dar certo.

— Estou com medo, Mãe Terra. Não entendo como a humanidade continua cometendo os mesmos erros, as mesmas ignorâncias — Ela não respondeu — Você nunca me responde. Pare de fingir que se importa.

O sino de 9 da manhã tocou, e corri até o ginásio.
A Mãe Terra tem muitos problemas hoje em dia. Por que se preocuparia conosco?

— Vocês serão divididos em dez grupos, com trinta cada. Cada recruta receberá um número e seguirá para o galpão correspondente. A cada dia, avançarão mais um número, mais um galpão. Em cada um deles haverá um tutor para ensinar-lhes a arte da guerra. E sim, vocês estudarão as Almas. Vocês lutarão contra e ao lado delas. Encontro meu grupo no galpão 1 em quinze minutos.

Meu galpão era realmente muito grande, com tatame no chão, alguns sacos de pancada, armas e kits de primeiros socorros. Enquanto entravam, um cabelo curto azul chamou minha atenção. Quem era?

— Vocês parecem tão amedrontados. — falei — Eu não mordo, fiquem tranquilos. Comigo, vocês aprenderão sobre as Almas, suas origens, poderes, características e como morrem, além de outras coisas. Eu estou aqui para ensinar, para ser um pilar, não quero causar medo em ninguém. Quero que confiem em mim assim como estou confiando a minha sobrevivência em vocês, então vamos começar. Sentem-se.        

A Última AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora